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Em terra de conflito, Papa apela à unidade e à não-violência

17 jan, 2018 - 13:55 • Aura Miguel , Filipe d'Avillez

Durante a noite, militantes indígenas incendiaram uma igreja e dois helicópteros, atacando ainda um grupo de polícias responsáveis pela segurança do local onde Francisco celebrou missa. O Papa fez questão de almoçar, a seguir à missa, com representantes dos diferentes grupos sociais da região.

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Em terra de conflito, Papa apela à não-violência e sublinha que "unidade não é uniformidade"
Em terra de conflito, Papa apela à não-violência e sublinha que "unidade não é uniformidade"

O Papa Francisco fez esta quarta-feira um apelo à não-violência e à unidade nacional, durante uma visita a uma região problemática e conflituosa, no Chile.

Durante a sua visita a Temuco, terra marcada por uma luta armada de autonomia, levada a cabo pelos indígenas locais, do povo Mapuche, Francisco denunciou tanto a frustração causada por promessas e acordos feitos pelo Governo mas que nunca são cumpridos, como a violência armada dos insurrectos.

Na noite de terça para quarta-feira, um grupo armado atacou o perímetro de segurança que protegia o aeroporto de Maquehue, fazendo uma emboscada à polícia, incendiando dois helicópteros e uma igreja e uma escola. Segundo as autoridades, os polícias só sobreviveram porque estavam com coletes à prova de bala. No local dos ataques, os grupos armados deixaram bilhetes a dizer que os estrangeiros não são bem-vindos na região.

“Há duas formas de violência que, em vez de fomentar os processos de unidade e reconciliação, acabam por os ameaçar. Em primeiro lugar, devemos estar atentos à elaboração de acordos 'lindos', que nunca se concretizam”, disse Francisco.

De seguida, o Papa dirigiu as suas palavras aos insurrectos. “É imprescindível defender que uma cultura do reconhecimento mútuo não se pode construir com base na violência e destruição, que acaba por ceifar vidas humanas. Não se pode pedir reconhecimento, aniquilando o outro, porque a única coisa que isso gera é maior violência e divisão. A violência clama violência, a destruição aumenta a fractura e a separação.”

“Estas atitudes são como lava de vulcão que tudo destrói, tudo queima, deixando atrás de si apenas esterilidade e desolação. Em vez disso, procuremos o caminho da não-violência activa, ‘como estilo de uma política de paz’. Nunca nos cansemos de procurar o diálogo para a unidade”, concluiu.

Unidade não é uniformidade

Antes, o Papa tinha feito já um grande elogio à unidade, mas tendo o cuidado de distinguir esse conceito de uniformidade. “A unidade não nasce, nem nascerá, de neutralizar ou silenciar as diferenças. A unidade não é uma simulação de integração forçada nem de marginalização harmonizadora.”

“A riqueza de uma terra nasce precisamente do facto de cada parte saber partilhar a sua sabedoria com as outras. Não é, nem será, uma uniformidade asfixiante que normalmente nasce do predomínio e da força do mais forte, nem uma separação que não reconheça a bondade dos outros”, disse o Papa.

Ao contrário do que é habitual, para esta missa o Papa não utilizou o evangelho indicado para esta quarta-feira no calendário litúrgico, escolhendo antes a passagem em que Jesus apela precisamente à unidade dos seus discípulos, horas antes de ser crucificado.

“Numa hora crucial da sua vida, detém-se a pedir a unidade. O seu coração sabe que uma das piores ameaças que atinge, e atingirá, o seu povo e toda a humanidade será a divisão e o conflito, a subjugação de uns pelos outros. Quantas lágrimas derramadas! Hoje queremos agarrar-nos a esta oração de Jesus, queremos entrar com Ele neste horto de dor, também com as nossas dores, para pedir ao Pai com Jesus: que também nós sejamos um só. Não permitais que nos vença o conflito nem a divisão.”

Francisco não quis esquecer, nem esconder, as injustiças e sofrimentos dos indígenas naquela parte da América do Sul, e referiu isso mesmo na sua homilia, fazendo referência específica ao local onde a missa foi celebrada. “É neste contexto de acção de graças por esta terra e pelo seu povo, mas também de tristeza e dor, que celebramos a Eucaristia. E fazemo-lo neste aeródromo de Maquehue, onde se verificaram graves violações de direitos humanos. Oferecemos esta celebração por todas as pessoas que sofreram e foram mortas e pelas que diariamente carregam aos ombros o peso de tantas injustiças.”

Almoço inclusivo

Depois desta missa, Francisco almoça com alguns representantes da comunidade local.

Estiveram representadas no almoço as diferentes comunidades que vivem nesta região. Oito dos convidados eram indígenas Mapuches, que se queixam de repressão estatal, mas estava também uma vítima de violência rural, um imigrante recente, do Haiti, e por fim um representante da comunidade de colonos suíço-alemães, alguns dos quais foram mortos recentemente por militantes mapuches que exigem a saída de todos os estrangeiros da zona.

Findo o almoço, o Papa regressa a Santiago, capital do Chile. Ainda esta quarta-feira, em Santiago, haverá um encontro com jovens e depois uma visita à Universidade Católica.

Na quinta-feira, Francisco visita Iquique, antes de partir para o Peru, onde ficará durante o resto desta sua viagem apostólica.

[Notícia actualizada às 15h58]

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