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Centenário da morte de Charles de Foucauld assinalado em Setúbal

01 dez, 2016 - 19:11 • Carolina Bico

Depois de se converter, o religioso francês dedicou a sua vida aos tuaregues, nos desertos de Marrocos. O seu exemplo continua a inspirar muitos cristãos.

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Uma eucaristia em honra do beato francês, uma exposição de pintura e a estreia de um filme são as três iniciativas da Diocese de Setúbal, que compõem a programação do centenário da morte de Charles de Foucauld assassinado a 1 de dezembro de 1916.

A programação evocativa dos 100 anos da morte de Charles de Foucauld começou com uma celebração eucarística em memória do beato francês, presidida pelo bispo de Setúbal, D. José Ornelas Carvalho, na Igreja de Nossa Senhora da Anunciada, às 16h.

Em seguida, a Comissão de Arte Sacra da Diocese de Setúbal (CDASS) inaugura a exposição “Nazareth”, na Biblioteca Pública Municipal setubalense, às 17h30. No total, são 30 obras da autoria do pintor L. Sadino, que pretendem revisitar a vida e a obra do sacerdote assassinado a 1 de dezembro de 1916 por tuaregues rebeldes, na Argélia.

Organizada pela CDASS, em parceria com a Comunidade de Setúbal da Fraternidade dos Irmãos de Jesus, a mostra poderá ser visitada gratuitamente até 4 de janeiro de 2017, de segunda a sexta-feira, das 9h às 19h e aos sábados, das 14h às 19h.

Para encerrar a exposição, está prevista a exibição do filme “Dos Homens e dos Deuses”, de Xavier Beauvois, a partir das 18h, na Biblioteca Pública Municipal de Setúbal, com comentários do jornalista da RTP Mário Augusto.

Uma vida de serviço aos mais pobres

O bem-aventurado Charles de Foucauld nasceu a 15 de setembro de 1858, em Estrasburgo, França. Com apenas seis anos, perde o pai e a mãe, ficando ao cuidado do avô. Na infância, torna-se uma criança muito culta, lendo todo o tipo de livros. Na adolescência vive uma crise de fé.

Ingressa na carreira militar na escola francesa de St. Cyr. Vive uma vida mundana, de banquete em banquete, onde mantém várias relações amorosas. Mais tarde, sai do Exército e em 1883 faz uma expedição a Marrocos, país fechado ao cristinianismo, disfarçado de judeu peregrino. A viagem dá-lhe uma medalha de ouro da Sociedade de Geografia. Na visita, fica extremamente impressionado com a fé dos muçulmanos, descobrindo a lei sagrada da hospitalidade. Depois volta para Paris e fica na casa de uma prima, cristã fervorosa. Dado que queria conhecer a fé cristã, em 1886 dirige-se a um padre amigo da família e quando recebe o sacramento da reconciliação, converte-se.

A sua conversão completa-se com uma peregrinação a Jerusalém, à cidade de Nazaré, onde descobre a sua verdadeira vocação: seguir Jesus na sua vida de Nazaré, daí o título da exposição de pintura, “Nazareth”. Procura uma comunidade onde possa viver de forma simples, acabando por entrar no Mosteiro de Trapa, onde fica a morar durante sete anos. No entanto, sente que ainda não é o que pretende para a sua vida e sai para viver como eremita junto a um Convento de Irmãs Clarissas, em Nazaré.

Em 1901, é ordenado padre, em França. Já presbítero, em vez de retornar à Palestina, segue para a Argélia, perto da fronteira com Marrocos e torna-se amigo dos tuaregues. Aprende a sua língua e costumes e reúne tudo num livro único, algo que ninguém tinha feito até então. Dali parte para Tamanrasset, no centro da Argélia. No dia 1 de dezembro de 1916 com 58 anos é assassinado por tuaregues rebeldes que vinham assaltar o seu acampamento.

Charles de Foucauld foi beatificado a 13 de Novembro de 2005, na Basílica de São Pedro, no Vaticano pelo Papa Bento XVI. Inicialmente, a cerimónia de beatificação estava marcada para o dia 15 de Maio e seria feita pelo Papa João Paulo II, mas ficou suspensa por causa do seu falecimento. “Viveu na pobreza, na contemplação e na humildade, testemunhando fraternalmente o amor de Deus entre os cristãos, os judeus e os muçulmanos”, recordou o cardeal José Saraiva Martins, então prefeito da Congregação para as Causas dos Santos (Santa Sé), na cerimónia de promulgação do decreto de reconhecimento de um milagre atribuído à sua intercessão.

Actualmente são vinte os grupos inspirados na vida do irmão Charles, que tentam compreender a vida de Nazaré, feita de oração, trabalho e convívio com os vizinhos, incluindo fraternidades seculares para leigos, casais e solteiros e fraternidades sacerdotais para os padres que querem viver a mesma espiritualidade do bem-aventurado. Na Diocese de Setúbal, existe há 43 anos uma pequena fraternidade dos Irmãos de Jesus, a única em Portugal, que vive de acordo com os preceitos deixados por Charles de Foucauld.

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