30 ago, 2024 - 20:36 • Manuela Pires
O Governo está a elaborar um plano de ação de apoio aos media que não vai contemplar apoios diretos aos órgãos de comunicação social.
O ministro dos Assuntos Parlamentares revela que o Governo está a trabalhar em várias hipóteses, mas há uma "linha vermelha" que passa pela recusa em apoiar diretamente órgãos de comunicação social.
“O plano de ação para os media vai ter essa linha vermelha e não vamos cair na tentação de apoios diretos, muito menos como aconteceu há uns anos em que ninguém percebe os critérios”, disse esta sexta-feira Pedro Duarte, na Universidade de Verão do PSD, que decorre em Castelo de Vide.
O ministro dos Assuntos Parlamentares reconhece que há o risco de o Estado ter uma interferência e deu vários exemplos de medidas que o Governo pode adotar como o apoio a assinaturas e à distribuição ou até um regime para apoiar os jornalistas.
“Estamos a tentar encontrar o ponto de equilibro, por exemplo, oferta de planos de assinaturas que cada um quer subscrever. Outra hipótese, ter apoios diretos a jornalistas ou à distribuição” referiu.
Sindicato dos Jornalistas faz balanço da greve ger(...)
Sobre a RTP, o ministro dos Assuntos Parlamentares revelou que está a ser preparada uma “revolução tranquila” com o conselho de administração da televisão pública, para recuperar o tempo perdido e modernizar a RTP.
“O acionista Estado deve dar condições, estimular e incentivar a RTP a recuperar esses dez anos e ir à frente dos outros e assim prestar um serviço público muito mais concreto”, disse Pedro Duarte, em Castelo de Vide.
O ministro entende que não seria bem visto o aumento do orçamento para a RTP. Entende que pode haver mudanças e não faz sentido fazer o que fazem as outras televisões. Pedro Duarte diz que o entretenimento tem um papel importante, mas não é o fundamental.
“Não se justifica os portugueses pagarem 190 milhões de euros por ano para, e o programa é muito importante, dar concursos ao final da tarde como os conhecemos, não se justifica serem os contribuintes a pagar uma coisa dessas. A informação é já muito diferente”, rematou o governante.
O Governo está a estudar serviços com preços especiais para todos, com especial atenção para a informação regional e local recusando a gratuitidade do serviço da agência de notícias Lusa.
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Há um mês, o Estado comprou as ações que a Global Media detinha na Lusa e ficou com 95,9% da agência de notícias. O anterior Governo tinha apontado a ideia de tornar o serviço gratuito para ajudar os meios de comunicação social, mas o ministro dos Assuntos Parlamentares recusa essa ideia.
Na intervenção na Universidade de Verão do PSD, Pedro Duarte revelou que está a estudar com a empresa um serviço com preços especiais.
“Encontrar serviços com preços especiais, descontos para os órgãos de comunicação social para todos, com especial enfase para os órgãos de informação regional e local. Nós não defendemos a gratuitidade dos serviços da Lusa”, revelou o ministro com a tutela da comunicação social.
O governante apontou os riscos que essa gratuitidade tem como, por exemplo, o despedimento de jornalistas ou uma única visão sobre uma notícia.
“Não podemos nunca criar uma lógica de que há uma visão apenas, uma abordagem apenas para os acontecimentos. Há um risco de, se distribuirmos de repente o serviço da Lusa gratuitamente, aquele ser o único prisma em que é olhado”, disse Pedro Duarte , acrescentando que isso podia levar, em alguns casos, ao despedimento de jornalistas.