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Conselho nacional PSD

Montenegro pronto para assumir responsabilidades quando for preciso “encarreirar o Governo”

30 set, 2022 - 01:04 • Lusa

Líder do PSD acusa o PS de “não sabe conviver com a maioria absoluta”, já tendo ‘chumbado’ a audição de nove ministros em apenas dois meses de trabalhos parlamentares.

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O presidente do PSD prometeu assumir a responsabilidade de “encarreirar o Governo” sempre que for necessário em nome do interesse nacional, frisando que, no caso do aeroporto, o executivo “nem a metodologia conseguiu fazer em sete anos”.

Na sua intervenção inicial no primeiro Conselho Nacional do PSD desde que assumiu a liderança, em julho, Luís Montenegro procurou apresentar o contraponto de um partido “unido, coeso, focado”, em contraste com “um Governo sem norte, à deriva, desorientado”.

“Quando for preciso encarreirar para fazer, estaremos cá, mas é para fazer bem, a bem de Portugal”, disse.

No final de um discurso de 45 minutos, aberto à comunicação social, Montenegro referiu-se ao acordo com o Governo quanto à metodologia para a futura solução aeroportuária para a região de Lisboa.

“Sempre que for necessário pormos o interesse do país à frente, nós não nos vamos eximir a essa responsabilidade de encarreirar os trabalhos do Governo e orientá-lo de maneira que não se precipite com decisões que não têm viabilidade, não têm sustentação, como a que foi publicada em Diário da República e revogada depois”, afirmou, numa referência do despacho do Ministério das Infraestruturas depois anulado pelo primeiro-ministro sobre o aeroporto.

O líder do PSD admitiu que possa haver quem desvalorize “tanto trabalho” para apenas se chegar a acordo sobre a metodologia.

“É verdade, porque o Governo nem a metodologia conseguiu fazer em sete anos. A Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) que vai ser feita no próximo nunca foi feita”, frisou, salientando que esta direção manteve o compromisso que já tinha sido pedido pelo ex-líder Rui Rio ao Governo.

“Nós não adiámos decisão nenhuma um ano, nós demos ao país uma decisão que o país nunca tinha tido”, afirmou.

Perante os conselheiros nacionais, Luís Montenegro procurou fazer um balanço dos primeiros 88 dias da sua liderança, durante os quais diz já ter percorrido 40 mil quilómetros, e agradeceu o momento de “grande unidade e coesão interna” no PSD.

“Quero dar aqui uma palavra de gratidão aos que têm colaborado para que o povo português possa olhar para o PSD – não obstante as diferenças de opinião que temos sobre várias matérias e que teremos – possamos estar concentrados em combater os nossos adversários”, disse.

O líder do PSD afirmou sentir o PSD “mobilizado, motivado e alegre” e considerou que, se todos “se mantiverem neste carril de colaboração recíproca”, o partido será “mais eficaz na transmissão da mensagem”.

“No período em que o PSD está unido, coeso, entrosado entre os seus diversos agentes, um Governo recém-empossado, dispondo de condições políticas excecionais, apresenta-se precisamente ao contrário do PSD: dividido, confuso, cheio de polémicas e contradições dentro de si. Um Governo que, de certo modo, está à deriva”, criticou.

Montenegro elencou vários episódios para ilustrar esta tese, pondo à cabeça as divergências públicas sobre o aeroporto entre António Costa e Pedro Nuno Santos, “um secretário-geral do PS e o seu possível sucessor”.

“Este episódio foi único na dimensão, não há paralelo na nossa história de uma contradição entre dois membros do Governo tão relevantes, mas não foi um caso isolado de descoordenação, pelo contrário”, salientou.

O presidente do PSD recordou episódios passados com Marta Temido, Patrícia Gaspar, Fernando Medina, acabando nas recentes divergências públicas no Governo quanto à descida do IRC, em que o ministro da Economia defendeu uma descida transversal deste imposto, posição contrariada pelos seus secretários de Estado e pelas Finanças.

“Colocado hoje no debate pelo PSD perante a questão de saber de que lado estava, a resposta foi óbvia, embora feita com os truques do costume. O que o primeiro-ministro nos disse foi: ‘Nós não somos da mesma opinião que o ministro da Economia, nós somos da opinião dos secretários de Estado dele’. É estranho, mas é legítimo”, criticou.

Montenegro estendeu as críticas ao PS, dizendo que este partido “não sabe conviver com a maioria absoluta”, já tendo ‘chumbado’ a audição de nove ministros em apenas dois meses de trabalhos parlamentares.

Para “os próximos dias e semanas”, Montenegro prometeu que o PSD apresentará propostas no âmbito do Orçamento do Estado para 2023.

“Vamos fazê-lo de forma consciente e responsável, mas ousada”, assegurou.

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