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António Salvador

Presidente da Intercampus: “Só por causa das sondagens pré-eleitorais é que o António Costa teve a maioria absoluta”

31 jan, 2022 - 21:00 • João Carlos Malta

António Salvador está preocupado com o efeito reputacional do que sucedeu nas últimas eleições e não quer "que as sondagens levem os portugueses a tomar uma determinada atitude". Admite erros e quer o setor reunido para redefinir o futuro.

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O PS ganhou com maioria absoluta, o Chega cavalgou a euforia de uma subida meteórica e a ala esquerda da geringonça caiu com estrondo. São factos das Legislativas de domingo, tal como é o erro colossal das sondagens pré-eleitorais que davam um resultado taco a taco entre Costa e Rio.

António Salvador, presidente do Conselho de Administração da Intercampus, recusa, ainda assim, a ideia de "desastre" e diz que o problema não foram as sondagens, mas a forma como foram exibidas ao público.

Não é um falhanço rotundo, as sondagens pré-eleitorais não são previsões”, começa por dizer o especialista que, durante esta eleição ,apresentou estudos para o grupo Cofina, nomeadamente o Correio da Manhã, a CMTV, a Sábado e o Jornal de Negócios.

Salvador reconhece, todavia, que “uma diferença tão significativa não é aceitável”. E pensa que, mais do que a qualidade dos estudos, o que está em causa, ou seja, o défice, está na “forma de os apresentar”. Os responsáveis são todos: “É um problema de quem faz, produz, de quem utiliza e quem comunica.

O especialista diz que “fica preocupado” com o efeito que o desfasamento entre estudos de opinião e os resultados que as eleições demonstraram. E, apesar de não achar que se deva voltar ao tempo em que estas eram proibidas no período de campanha, 15 dias antes da eleição, também “não quero que as sondagens "sejam um instrumento que leva os portugueses a tomar uma determinada atitude”.

O líder da Intercampus está “convencidíssimo que só por causa das sondagens pré-eleitorais é que o António Costa teve a maioria absoluta" e acrescenta que os portugueses “não teriam dado a maioria absoluta” ao PS sem elas. “Teriam dado condições de governabilidade, mas não teriam dado maioria absoluta, isso é inequívoco”, sentencia.

António Salvador declara que o resultado das sondagens é muito condicionado pelo momento em que os estudos de campo terminam e sublinha que estas “são estímulos que provocam reções - hoje este está a frente e o simpatizante do outro apresenta uma posição mais significativa e mais forte”.

O especialista não deixa de reconhecer que o que aconteceu, não só agora, mas também nas últimas eleições autárquicas, no caso de Lisboa, é algo “em que temos de refletir”.

Para Salvador, as empresas de sondagens não mais podem “apresentar sondagens sem referir quem são os indecisos”.

“Essa foi uma situação que eu percebi nas autárquicas e nunca mais apresentei sondagens sem indecisos”, reflete.

O presidente do Conselho de Administração da Intercampus é muito crítico em relação à atitude da Entidade Reguladora da Comunicação, a ERC, a quem acusa de não fazer o seu trabalho. Revela que, no passado, pediu uma reunião entre todos os que fazem parte deste universo, ou seja, os fazedores, os utilizadores − os políticos −, e comunicadores – os meios de comunicação social.

A ERC borrifou-se. Acho muito mal que o conselho regulador não tenha tido nenhuma preocupação com isto, fiquei à espera de uma resposta e não me deram nenhuma”, garante.

“Não sei qualificar como e que um órgão regulador não se interessa por aquilo que regula”, acrescenta.

António Salvador teme que as sondagens de eleições políticas se estejam a tornar num um ativo tóxico para as empresas de estudos de mercado, apesar da visibilidade que trazem.

“Este negócio das sondagens políticas vale muito pouco na faturação das empresa de estudos de mercado [4 a 5% da faturação anual se houvesse três eleições por ano]. Faço boa parte do meu trabalho com pressupostos metodológicos das sondagens políticas. Chateia-me que a Nestlé, a Unilever, a NOS, a MEO, os grandes consumidores dos estudos de mercado, que são concomitantemente os grandes anunciantes tenham preocupações e dúvidas da qualidade do nosso trabalho”, observa.

E ainda lamenta que quando tudo corre bem “temos um amigo a dizer porreiro, quando corre mal temos 50 pessoas a tentar perceber porquê”.

O especialista em sondagens teme os efeitos futuros do que agora aconteceu, mas também crê que as pessoas não têm a mesma reação perante o mesmo estímulo duas vezes, e que não há risco de uma situação idêntica se passar novamente.

Salvador alerta para que as sondagens têm uma base científica, “mas têm muitas fragilidades também”.

“Têm uma coisa que se chama 'nível de confiança' e outra que é a 'margem de erro' e, para mim, tudo isso são ‘bullshits’. O erro de medir e muito mais importante do que o erro amostral”, garante.

Salvador argumenta que uma previsão como a que acontece em sondagens tem riscos porque “há determinadas variáveis” que não se controlam e “há os limites do conhecimento”. O que aconteceu nestas eleições, defende, foi “novo”. “Não sabemos previamente, nunca aconteceu nada do que aconteceu agora."

Este facto leva António Salvador a dizer que “os portugueses estão arrependidíssimos de terem dado a maioria absoluta ao António Costa” e que se “hoje houvesse uma eleição, o resultado não era igual”.

Por fim, e em relação ao fenómeno das ‘tracking polls’ diárias da Pitagórica para a TVI e para a CNN que tanta celeuma levantaram, com a apresentação de resultados diários, o presidente do Conselho de Administração da Intercampus diz não querer comentar “por ser muito em cima do momento, e por, inequivocamente, terem influenciado muito os portugueses”.

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  • José Borges
    01 fev, 2022 Portugal 20:57
    Sábias e brilhantes opiniões deste senhor presidente da Intercampus.
  • Luiz
    01 fev, 2022 SANTO ANTÓNIO DOS CAVALEIROS 19:48
    Ou seja; saiu o tiro pela culatra ao Tóino Salvador!!!
  • Quem não é avestruz
    01 fev, 2022 Pense um bocado nisto 18:57
    Tapar o Sol com a peneira, e vir falar em "reunião das agências de sondagens para recuperar credibilidade" é uma fuga para a frente, típica de quem meteu a pata na poça. Há cada vez mais analistas a dizer que as sondagens estão a ser feitas e utilizadas como influenciador e não como retrato de um momento. Mesmo Fernanda Câncio, insuspeita de ligações a PSD's, Chega! ou outros direitolas, já veio sugerir investigações aprofundadas às empresas de Sondagens. As suspeitas avolumam-se e o caso devia ser investigado.
  • Joaquim Correto
    01 fev, 2022 Paços 16:19
    O presidente da Intercampus devia ter vergonha sequer de abrir a boca! Erraram a toda a linha, várias vezes!
  • José J C Cruz Pinto
    01 fev, 2022 ILHAVO 14:07
    Para quem quer manipular, e não sabe fazer outra coisa senão manipular, nada melhor que queixar-se de que os outros manipulam É muito velha a manha, mas só os tolos se deixam enganar. Os mal-intencionados (e os idiotas), seguindo o exemplo do Trump - seu modelo por excelência - vão "marrando" na mesma "narrativa", até ver se a realidade se conforma com as "estrelas" que eles vão vendo de tanto marrarem: (1) Querem denegrir um adversário que os contraria? Nada melhor que passar o tempo todo falando dele, clamando que é ele que não tem outro assunto; (2) Querem esconder o que podem e planeiam fazer? Nada melhor que dizer que o adversário é que o deseja e ficará com a culpa - como "seria", por exemplo, "o desejo e a culpa de uma eventual aliança com fascistas e xenófobos; (3) o adversário mobilizou-se para os vencer, enquanto eles faziam exactamente e mesmo e muito mais? Nada melhor que dizer que as sondagens que empolavam o seu real peso (o deles, bem entendido) é que mobilizou os adversários, ... mas a recíproca já não seria verdadeira. Tivessem ganho (cruzes, canhoto!), seriam uns génios e uns heróis nacionais, ... e os adversários umas perigosas bestas.
  • Fomos Manipulados
    01 fev, 2022 Eis tudo 09:34
    Depois de terem manipulado Eleitorados para elegerem Donald Trump na América, para fazerem o Brexit em Inglaterra, agora tocou-nos a vez de sermos manipulados. Assustaram o povo com a conversa do "taco-a-taco", "PSD com vantagem de algumas décimas", "possibilidade de governo por uma coligação de Direita", tudo coisas completamente afastadas da Realidade, e o pessoal que queria a vitória do PS mas não uma Maioria Absoluta, caiu na manipulação e foi a correr votar como se disso dependesse a vitória. É vê-los agora, com ar preocupado e em silêncio - não há festarolas nem manifestações de alegria desbragada. Mas agora é tarde. Abram os olhos e para a próxima, acreditem em vocês, não nas Sondagens.
  • José J C Cruz Pinto
    01 fev, 2022 ILHAVO 08:11
    E mais: se ganhasse o PSD (e com maioria absoluta - cruzes canhoto!), já ninguém estaria arrependido, ... e a culpa já não seria das sondagens, não era?
  • José J C Cruz Pinto
    01 fev, 2022 ILHAVO 08:00
    "Os portugueses estão arrependidíssimos de terem dado a maioria absoluta ao António Costa” - palavra de sabichão. Muito bem! Onde estão as sondagens pós-eleições (ou as "confissões") que o demonstram?
  • Zezu
    31 jan, 2022 C.V 23:20
    Só mesmo na TugaLandia.. Que Tristeza.. Que no estrangeiro não saibam desta Notícia..Que até se riem de Nós Tugas..”A Culpa das Sondagens “..
  • Gozador
    31 jan, 2022 Aqui e agora 23:07
    As empresas que contrataram esta Intercampus para estudos de mercado, já devem ter os respetivos departamentos jurídicos a preparar rescisões de contrato, vá lá saber-se porquê...

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