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Otelo

"Militares de Abril deixaram de ser considerados há muitos anos", lamenta Vasco Lourenço

27 jul, 2021 - 21:59 • Lusa

Questionado sobre a sobre a decisão do Governo de não decretar luto nacional pela morte de Otelo Saraiva de Carvalho, o presidente da Associação 25 de Abril disse que "já entrou na rotina que o militar de Abril não merece isso", mas que esta podia ter sido a oportunidade para "emendar a mão".

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O presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço, disse esta terça-feira que os militares da revolução de 1974 "deixaram de ser considerados" há muitos anos e que é surreal que só tenha havido luto nacional por António Spínola.

"É absolutamente surreal que o único militar de Abril que acabou por ter luto nacional tenha sido o general Spínola", afirmou Vasco Lourenço aos jornalistas, em Lisboa, à porta da capela da Academia Militar, onde decorreu esta tarde o velório de Otelo Saraiva de Carvalho, o estratego e comandante das operações militares do 25 de Abril, que morreu no domingo.

Para Vasco Lourenço, "os militares de Abril deixaram de estar na moda e deixaram de ser considerados" desde "há muitos anos" e deu como exemplo o facto de o ex-Presidente da República António Ramalho Eanes ter sido até esta terça-feira o único a ser nomeado conselheiro de Estado.

"A experiência que ganharam no Conselho da Revolução e noutros sítios foi desperdiçada por completo pelo país", afirmou.

Vasco Lourenço, que foi questionado pelos jornalistas sobre a decisão do Governo de não decretar luto nacional pela morte de Otelo Saraiva de Carvalho, afirmou que "já entrou na rotina que o militar de Abril não merece isso", mas que esta podia ter sido a oportunidade para "emendar a mão".

"Podiam ter tido o golpe de asa e ter decretado desta vez, até porque o facto de o Otelo ser mais controverso era mais marcante se tivessem determinado o dia de luto nacional, era ainda mais marcante. Não o fizeram, pronto, perderam essa oportunidade", afirmou.

"A sociedade é assim, os políticos são assim. Nós costumamos dizer às vezes que não nos perdoam por termos sido nós, uma cambada de miúdos, que fizemos o derrube do fascismo (...) quando de facto todas as lutas contra o regime da ditadura fracassaram, feitas anteriormente, e, nomeadamente, pelas oposições. Há também alguma coisa de ciúme? Não sei o que é que há, sei é que nós sentimos isto e já nos habituámos", disse ainda.

Pela capela da Academia militar passaram esta terça-feira centenas de pessoas, muitas delas com cravos vermelhos na mão. Em algumas ocasiões, cantaram temas de José Afonso, como "Grândola, Vila Morena", e um grupo gritou "luto nacional" quando o primeiro-ministro, António Costa, chegou ao local.

Além de António Costa, estiveram no velório o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues.

Também a líder do BE, Catarina Martins, e os deputados Luís Fazenda (BE), Sérgio Sousa Pinto (PS) e António Filipe (PCP) passaram pela capela da Academia Militar, além de vários militares de Abril.

O histórico socialista Manuel Alegre reiterou, à saída, que "se alguém merece o luto nacional é Otelo Saraiva de Carvalho", que "restituiu a liberdade aos portugueses, ele é o Dia da Liberdade".

Otelo Saraiva de Carvalho, militar e estratego do 25 de Abril de 1974, morreu no domingo de madrugada aos 84 anos, no Hospital Militar, em Lisboa.

Depois do 25 de Abril, foi comandante do COPCON, o Comando Operacional do Continente, durante o Processo Revolucionário em Curso (PREC), surgindo associado à chamada esquerda militar, mais radical, e foi candidato presidencial em 1976.

Na década de 1980, o seu nome surge associado às Forças Populares 25 de Abril (FP-25 de Abril), organização armada responsável por dezenas de atentados e 14 mortos, tendo sido condenado, em 1986, a 15 anos de prisão por associação terrorista. Em 1991, recebeu um indulto, tendo sido amnistiado cinco anos depois, uma decisão que levantou muita polémica na altura.

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