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PS. Ana Catarina Mendes pede mais "justiça fiscal" e melhores salários para mais qualificados

16 jul, 2021 - 14:56 • Susana Madureira Martins , com redação

Nas jornadas parlamentares do PS, Ana Catarina Mendes disse que Portugal não é o País das Maravilhas e vincou que, se o Governo estivesse nas mãos do PSD e CDS de novo, o país cairia num poço sem fundo.

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Depois de seis anos no poder e a meio da atual legislatura, o Partido Socialista recentra o discurso na classe média, com a líder parlamentar, Ana Catarina Mendes, a desfiar um rol de promessas que incluem melhores salários.

No encerramento das jornadas parlamentares do PS, que terminaram esta sexta-feira em Caminha, Ana Catarina Mendes disse que "não é possível continuar a pedir mais competitividade e mais digitalização, se não pedirmos uma melhoria significativa dos salários dos portugueses".

"Se temos conseguido aumentar o salário mínimo nacional e o salário médio, temos de ser capazes de aumentar o salário daqueles que são mais qualificados e que iniciam o seu posto de trabalho", afirmou a deputada socialista.

A líder parlamentar do PS não quantifica essa melhoria significativa dos salários, mas promete uma sessão legislativa mais mais e melhor para a classe média. e melhor justiça fiscal e habitação mais acessível.

"Na próxima sessão legislativa, bater-nos-emos para que a classe média tenha também uma resposta e, para isso, é preciso que a política de habitação prossiga, que as rendas acessíveis sejam uma realidade e que a política de habitação que está inscrita no PRR transforme a vida das pessoas. Mas é preciso também uma política fiscal para a classe média capaz de garantir justiça fiscal e equidade para todos nós", prometeu.

Ana Catarina Mendes usou, até à exaustão, frases-chavão do clássico livro de Lewis Carroll, para definir um país que apesar de tudo lá se vai mantendo e que tem um caminho para sair da crise.

"Não estando nós no País das Maravilhas, permitam-me que vos recorde a frase de Alice: 'A única forma de chegar ao impossível é acreditar que é possível'. Quando outros duvidaram que o SNS fosse capaz de dar resposta, nós não hesitamos em aumentar a verba para o SNS com mais profissionais e mais investimento", salientou a deputada.

A socialista, no mote do País das Maravilhas, acrescentou ainda que "quando a Alice mergulhou no túnel viu um poço sem fundo, e sabemos bem que se não tivesse sido a vontade férrea do PS, do Governo, das nossas autarquias, a resposta a esta crise teria sido um poço sem fundo como foi com o CDS e o PSD na outra crise".

Enaltecendo que a "bazuca europeia" irá ajudar Portugal a sair da crise, Ana Catarina Mendes disse que "o papel fundamental do PRR é o combate à bolsa de exclusão e pobreza que ainda hoje existe em Portugal, não podemos continuar a ter crianças e jovens que nascem e morrem pobres".

Uma maravilha industrial no meio do poço

O último dia das jornadas parlamentares do PS foi dedicado a visitas ao concelho de Paredes de Coura.

O secretário-geral do partido, António Costa, assumia ontem que este não é o País das Maravilhas. No entanto, os socialistas fizeram questão de levar os jornalistas a visitar uma fábrica de componentes para automóveis, a Doureca, que esteve um mês e meio em lay-off e que conseguiu dar a volta a meio da pandemia e obter um recorde de faturação.

A Doureca faz emblemas para automóveis para todos os tipos de gama e, em plena pandemia, conseguiu não despedir ninguém, com o diretor-geral da empresa, Rui Lobo, a apostar tudo na qualificação profissional e a assumir que o salário médio dos trezentos trabalhadores não ultrapassa os mil euros.

"Nós pagamos aqui o salário mínimo, mas temos um leque de salários diferenciados. Mas o salário médio poderá andar à volta de mil euros. Há alguma gente a ganhar o salário mínimo, mais ou menos 35% das pessoas. Nós também temos apostado na automatização dos trabalhos", disse Rui Lobo.

Em novembro, a empresa teve um recorde de faturação: passou dos habituais 2,5 milhões de euros anuais para os três milhões, mas Rui Lobo assume que a situação da empresa e o contexto do sector automóvel é uma autêntica montanha russa:

"Houve uma retoma louca no setor automóvel no final do ano passado. E depois caiu outra vez porque as coisas foram abaixo e não estavam sustentadas. Houve uma série de novas coisas que foram acontecendo. Ainda estamos em período de aprendizagem, a gente começou a usar o GPS e agora não temos GPS", lamentou o diretor da Doureca.

A empresa mantém-se viva há trinta anos. Cerca de 90% do que produz é para exportação e o PS quis assim mostrar uma empresa de sucesso que vai passando pelos pingos da chuva em plena crise da pandemia.

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