07 mar, 2021 - 13:36 • Susana Madureira Martins , Marta Grosso (edição)
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Pedro Nuno Santos defende o regresso às negociações com o PCP e o Bloco de Esquerda. O dirigente do PS e ministro das Infraestruturas critica quem no partido hostiliza aqueles dois partidos que considera fundamentais na construção das políticas.
“Nós precisamos de aprender a lidar com os outros partidos à nossa esquerda”, defendeu neste domingo, no encontro por videoconferência da Juventude Socialista sobre a ascensão do neoliberalismo e a Terceira Via.
“Aprender a lidar é saber respeitar quando eles não concordam connosco, saber respeitar quando nos combatem, tentar perceber o que é que nos afasta. Não é com agressividade que vamos conseguir recuperar a colaboração com os outros partidos. E este é um trabalho que nos temos de fazer, que as novas gerações também têm de fazer”, afirmou.
“Se nós quisermos combater a direita de forma perene, temos de saber trabalhar à esquerda e de compreender, aceitar as diferenças e procurar encurtar caminho. Nós não nos podemos comportar nem lidar com a governação como se tivéssemos maioria absoluta quando nós não temos”, sustentou o ministro, que vive em clima de pré-ruptura com o secretário-geral do PS e primeiro-ministro, António Costa.
Pedro Nuno Santos criticou ainda quem, no seio do partido, vive no passado. “Infelizmente, também temos no seio do nosso partido quem esteja preso a 1975. E estamos a viver já no século XXI. A política mudou, o país mudou, os partidos mudaram, os desafios também são outros”, afirmou.
“Se as lutas que o PS travou em 1975 foram fundamentais para nós hoje vivermos em democracia e estarmos no ponto em que estamos, as lutas que hoje nós travamos continuam a ser importantes, mas são de caráter diferente. E o PCP – hoje também o Bloco de Esquerda – são elementos fundamentais na construção dessa sociedade mais justa, mais solidária que nós queremos ter nos próximos anos”, reforçou o socialista.
Durante a sua intervenção, Pedro Nuno Santos defendeu ainda alterações à legislação laboral – algo que o primeiro-ministro tem resistido a fazer e negou nas negociações com o BE, durante a preparação do Orçamento do Estado para este ano, com António Costa a considerar, ao longo do último ano, que já houve vários avanços nesta área.
Mas o ministro das Infraestruturas tem outra opinião e considera que, para dar resposta à precariedade, é preciso mudar a legislação laboral, mesmo fazendo frente às empresas e assumindo os custos disso.
Este socialista que faz parte do secretariado nacional, órgão de cúpula do partido, defende que só dando estabilidade no emprego se combate a precariedade. Como exemplo, deu a caducidade dos contratos coletivos de trabalho.
Pedro Nuno Santos a defendeu ainda que é preciso contrariar a tendência de perda de força do movimento sindical, aconselhando o partido a estar mais próximo das centrais sindicais.
Antes, de Pedro Nuno Santos falou o dirigente da Juventude Socialista, que apontou erros à governação de José Sócrates e António Guterres, criticou a Terceira Via – ou esquerda moderna – e defendeu a diferenciação do PS face à direita.