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Presidenciais

Debate tenso entre Ventura e João Ferreira marcado por interrupções constantes

03 jan, 2021 - 00:20 • Lusa

Os dois candidatos estiveram quase sempre em discordância total e Ventura chegou a ser acusado de ser mentiroso pelo candidato comunista.

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Os candidatos presidenciais João Ferreira e André Ventura protagonizaram este sábado um debate tenso e marcado por constantes interrupções, sobretudo por parte do presidente do Chega, que chegou a ser acusado de mentir pelo eurodeputado do PCP.

Num debate transmitido na TVI24, com os candidatos em pé, André Ventura acusou João Ferreira de ter no seu site de candidatura referências elogiosas a regimes como a Coreia do Norte, Cuba ou Vietname, o que levou o dirigente comunista a desafiá-lo a provar essas acusações “para não passar por mentiroso”.

Ventura diria depois que essas referências estavam no site do PCP e, mais tarde, que teriam sido “apagadas”.

João Ferreira criticou que André Ventura vá ter na sua campanha a líder da extrema-direita e presidente da União Nacional francesa, Marine Le Pen, com o seu adversário a perguntar se preferia ter ao seu lado o presidente da Coreia do Norte, Kim Jong-Un.

Nos temas concretos colocados pela moderadora do debate, a jornalista Carla Moita, os dois candidatos a Belém estiveram quase sempre em discordância total.

Sobre o caso do procurador europeu José Guerra, André Ventura defendeu que a ministra da Justiça já não deveria estar em funções - tal como o ministro da Administração Interna -, enquanto João Ferreira disse ser necessário esclarecer se “houve intenção deliberada” de prestar informações falsas à União Europeia por parte do Governo.

“A ministra da Justiça irá à Assembleia da República, vamos ver se o André Ventura lá está, já sei que falta muito”, acusou o dirigente do PCP, recebendo de volta a crítica de que estava a “ser cúmplice do Governo”.

“Marcelo Rebelo de Sousa, se fosse um Presidente a sério, hoje teria dito que seria o último dia da ministra da Justiça em funções”, contrapôs Ventura, considerando que o chefe de Estado não serve “para tirar ‘selfies’ ou cortar fitas”.

O candidato apoiado pelo PCP acusou o deputado e líder do Chega de “não usar para si os critérios que usa para os outros” e que, depois de ter garantido que estaria em exclusividade no parlamento, ter acumulado salários como consultador e comentador desportivo, com Ventura a contestar a crítica.

“Continua a inventar”, ia dizendo Ventura, durante a intervenção de João Ferreira.

Sobre o diploma da eutanásia, que poderá chegar em breve a Belém, Ventura disse que convocaria um referendo, considerando que “o PCP tem medo de ouvir os portugueses”, enquanto João Ferreira assegurou que “respeitaria a vontade da Assembleia da República”, que deverá aprovar a legalização da morte assistida.

Questionados em que situações admitiam dissolver o parlamento, o candidato apoiado pelo PCP garantiu que “não abdicaria de usar nenhum dos poderes que o Presidente da República tem”, nomeadamente se considerasse que estavam em causa direitos garantidos pela Constituição, como a saúde ou a educação, mas admitindo que tal não se verificou no período do primeiro mandato de Marcelo Rebelo de Sousa.

Já André Ventura - que se referiu mais vezes ao atual Presidente da República do que João Ferreira no debate - considerou que o atual Governo “já passou linhas vermelhas importantes”, como nos incêndios de 2017 que causaram mais de cem mortes ou no caso do Tancos.

“Eu não gosto desta Constituição, nunca escondi”, afirmou, defendendo que o chefe de Estado deveria ter mais poderes, por exemplo, em matéria de escolhas ministeriais.

Na fase final do debate, em que Ventura já tratava João Ferreira por tu, o líder do Chega desafiou o seu adversário a condenar o regime da Coreia do Norte.

“Eu defendo o direito de cada povo escolher livremente o seu destino”, respondeu João Ferreira, lamentando que André Ventura tivesse de ir buscar situações de outros países para o criticar.

As últimas palavras do dirigente comunista foram para acusar Ventura de “estar ao lado dos poderosos” e de lhe apontar incongruências na votação da proposta para travar uma nova injeção de dinheiro público no Novo Banco, no último debate orçamental.

“Quem em 24 horas exerce todos os votos possíveis sobre o mesmo assunto, está tudo dito sobre a sua credibilidade”, criticou.

Além de André Ventura e João Ferreira, são candidatos às eleições presidenciais de 24 de janeiro Marcelo Rebelo de Sousa, Ana Gomes, Marisa Matias, Tiago Mayan e Vitorino Silva.

Comentários
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  • Dimas
    03 jan, 2021 Braga 19:34
    E ires trabalhar Andrezito? Foste eleito deputado por 4 anos, não foi por um par de meses.
  • Hugo Severa
    03 jan, 2021 Lisboa 18:40
    Como funcionou com o Trump o Ventura copia. Gente pensante dá nisto...
  • Ivo Pestana
    03 jan, 2021 Funchal 17:44
    O André Ventura aprendeu muito, com os debates desportivos. Para mim só disse uma verdade , que temos deputados a mais, e muitos nunca falam. O resto foram táticas, agora cuidado com o populismo. Não é bom, mas dá votos.
  • EU
    03 jan, 2021 PORTUGAL 13:20
    " BERROS, PEIXEIRADA e ALGAZARRA " dizem. Não vi este. Vi o outro. Sem PEIXEIRADA, sem BERROS mas com INDISCIPLINA. Há um ditado que diz; QUANDO UM ..... FALA, o OUTRO baixa as orelhas. Não é isso que se passa. Depois, será que num País, tão BELO e com PESSOAS inteligentes como há, temos que LEVAR com estes TIPOS como candidatos a Presidente da República? Isto é do PIORIO que uma Democracia pode ter. E só por isto, não teem RESPEITO. E quem não RESPEITA, não vale NADA.
  • Sara Silva
    03 jan, 2021 Lourinha 11:46
    O Andre nao tem nada a oferecer, logo grita como cortina de fumo. E ainda ha quem vote nele?
  • José J C Cruz Pinto
    03 jan, 2021 ILHAVO 06:22
    Uma completa peixeirada, como seria de esperar - e como se prevê que sejam todos os debates em que participe um daqueles dois intervenientes.
  • rui
    03 jan, 2021 sines 00:41
    O Ventura como não tem ideias berra, insulta, interrompe. Igual ao Trump. Se hoje foi com candidato do PCP, será assim com todos os outros candidatos.
  • Miguel Vital
    03 jan, 2021 Mindelo - Vila do Conde 00:40
    Uma vergonha. O Ventura utiliza sempre o mesmo processo de não deixar falar o seu opositor. Tal como Trump. A moderadora também permitiu tudo. È necessário que quem debata com Ventura não permita tal coisa exigindo de imediato que o moderador intervenha para permitir que o debate se faça. Tal como foi é uma algazarra. Algazarra que é a arma de Ventura.

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