07 set, 2024 - 21:54
No dia em que cinco reclusos considerados "muito perigosos" fugiram do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, em Alcoentre, Lisboa, a Renascença recupera uma entrevista exclusiva a Rui Abrunhosa Gonçalves, responsável pela Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP), dada a 18 de setembro de 2023.
Do incidente deste sábado há pouco mais que um comunicado sobre os factos, mas, há um ano, o responsável pela DGRSP mostrava-se preocupado com falta de pessoal, envelhecimento e problemas mentais, apontando falhas que se arrastam no tempo e prejudicam a reabilitação de quem fica privado da liberdade.
Na primeira entrevista deste que tomou posse, Rui Abrunhosa Gonçalves defendia a necessidade de pensar os serviços a médio e longo prazo. Para Abrunhosa Gonçalves, o Governo deve investir no reforço de guardas prisionais e de profissionais dos centros educativos "sob pena de, daqui a seis anos, não termos gente para trabalhar".
"Se a ministra apostou em mim quero devolver a confiança, mas é evidente que todos esperamos que haja empenhamento da tutela na renovação destes serviços sob pena de daqui a seis anos não termos gente para trabalhar. A maioria tem mais de 50 anos. Ou pensamos a médio e longo prazo, ou se continuarmos a pensar no aqui e agora não vamos longe."
Há muito que o número de profissionais das prisões e centros educativos está abaixo do necessário. Rui Abrunhosa Gonçalves admite que “sem pessoal em número e qualificação suficientes fica difícil implementar um conjunto de atividades, projetos e programas necessários a reclusos, pessoas que cumprem pena na comunidade e jovens internados”.
O envelhecimento dos guardas e dos funcionários é, atualmente, outro grande problema, que se soma à falta de efetivos. “Estamos com um problema, temos um mapa de pessoal com oito mil e tal funcionários que, na prática, são seis mil e tal”, diz o diretor-geral no cargo há pouco mais de um ano. Acrescenta que os que existem estão envelhecidos e “há um défice considerável entre o que devíamos ter e o que temos. É um défice generalizado no corpo da guarda profissional, técnicos, pessoal médico e de enfermagem. Fica difícil fazer omeletes com tão poucos ovos”.
Recorde a entrevista completa aqui.
[Notícia atualizada às 23h59 de 7 de setembro de 2024 para acrescentar mais parágrafos]