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Ciência e Inovação

FLAD distingue investigador Renato Mendes por veículo que deteta "ilhas de plástico"

06 jul, 2021 - 00:32 • Lusa

O veículo, movido com recurso a energia das ondas e painéis solares, vai permitir recolher dados oceânicos e estudar fenómenos temporários e localizados, como a proliferação de algas e o desenvolvimento de frentes oceânicas ou as chamadas “ilhas de plástico”.

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O investigador do Laboratório Colaborativo (CoLAB) +ATLANTIC e da Universidade do Porto, Renato Mendes, venceu o prémio 'FLAD Science Award Atlantic 2021', no valor de 300 mil euros, anunciou esta segunda-feira a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD).

Renato Mendes apresentou o projeto JUNO, para avaliação, desenvolvimento e teste operacional de um veículo marítimo autónomo de superfície para completar a primeira viagem entre Portugal Continental e o Arquipélago dos Açores com controlo e supervisão remotos.

O veículo, movido com recurso a energia das ondas e painéis solares, vai permitir recolher dados oceânicos de longa duração de forma consistente e sustentável e estudar fenómenos temporários e localizados, como a proliferação ocasional de algas que afeta a pesca e apanha de bivalves, o desenvolvimento de frentes oceânicas ou as chamadas “ilhas de plástico”.

Renato Mendes explica que o JUNO é "um projeto de caráter exploratório em que será feita a avaliação e o teste operacional de um inovador veículo autónomo de superfície, o Autonaut, numa viagem de longa duração no Atlântico".

“Tal capacidade permite obter novos dados científicos em locais que até aqui eram de muito difícil acesso, inclusive em ambientes sensíveis ou Áreas Marinhas Protegida”, disse o investigador, numa nota enviada à Lusa.

Renato Mendes considerou que, numa altura em que Portugal poderá, caso a extensão da sua plataforma continental venha a ser aprovada pelas Nações Unidas, vir a ter uma área marítima de mais de quatro milhões de quilómetros quadrados (km2), “torna-se inadiável que esta soberania seja exercida também através de uma rede de observação oceânica mais abrangente e sustentável, cumprindo os objetivos propostos pela Década do Oceano”.

O JUNO será desenvolvido por uma equipa multidisciplinar e focar-se-á, ao longo de todo o ciclo de desenvolvimento, em avaliar e testar a capacidade deste tipo de veículos autónomos na observação de fenómenos oceanográficos dinâmicos, com especial ênfase naqueles que, por vezes, duram apenas alguns dias ou semanas.

O Autonaut pode ser configurado para permanecer durante longos períodos no oceano, permitindo a observação mais detalhada de certos fenómenos naturais, como a proliferação ocasional de algas ou o desenvolvimento de frentes oceânicas onde a salinidade e temperatura da água do mar sofrem mudanças acentuadas num espaço reduzido.

Neste segundo caso, “o afloramento costeiro (‘upwelling’) pode ter um impacto positivo muito significativo na pesca, uma vez que a sua ocorrência, que traz à superfície águas profundas mais ricas em nutrientes, tende a criar condições ótimas para o crescimento de toda a cadeia alimentar”, sublinhou Renato Mendes.

“Outros fenómenos oceanográficos esporádicos e transitórios como os vórtices são também hotspots de aglomeração de materiais e detritos flutuantes. O Autonaut poderá igualmente servir para monitorizar estas aglomerações, por vezes descritas como ‘ilhas de plástico’ sem prejudicar o meio ambiente em virtude da sua mobilidade não depender de motores ou combustíveis”, acrescentou.

Dado que a sua operação é “extremamente silenciosa”, o veículo poderá também ser utilizado na monitorização de ruído no oceano, com recurso a sensores acústicos passivos, em áreas ambientalmente sensíveis ou pouco exploradas do Atlântico.

Como projeto experimental, o JUNO dará especial atenção ao software de operação remota deste ou de outros sistemas utilizados isolada ou colaborativamente em campanhas oceanográficas.

Tal software, de acordo com o investigador, simplificará as operações de longa duração, especialmente no que se relaciona com a gestão de risco de navegação em zonas de maior tráfego marítimo, e, ao mesmo tempo, possibilita que cientistas e os cidadãos possam aceder aos dados recolhidos.

“O software do JUNO permitirá criar um ambiente colaborativo, inclusivo e multidisciplinar favorável ao envolvimento de cientistas de diferentes áreas, bem como organizações e cidadãos que desejem fazer parte do processo de I&D”, disse.

O FLAD Science Award Atlantic 2021 tem o valor máximo de 300 mil euros, por um máximo de 3 anos, o que corresponde a 100 mil euros por ano.

A seleção do projeto foi feita por um júri composto por Miguel Miranda, da Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa e presidente do IPMA; Pedro Camanho, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e presidente do LAETA e por Elsa Henriques, do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa e membro do Conselho Executivo da FLAD.

O projeto está a ser desenvolvido no laboratório colaborativo +Atlantic que visa o avanço do conhecimento sobre as interações entre o oceano, a atmosfera, o clima e a energia no Atlântico, através de uma abordagem integrada e holística do mar profundo ao espaço.

O CoLAB +Atlantic reúne comunidades científicas, académicas e industriais, promovendo e explorando sinergias entre empresas, universidades, associações e institutos de investigação.

A FLAD apoia investigadores em início de carreira, promovendo assim a geração de investigadores em Portugal, em estreita colaboração com os principais centros de investigação nos EUA.

A 2ª edição do FLAD Science Award Atlantic incluiu as áreas de engenharia/tecnologia e ambiente/ciências naturais, da edição anterior, e acrescentou as ciências sociais e humanidades como áreas de estudo, com objetivo de criar e desenvolver ferramentas transversais e soluções estratégicas para os desafios da atividade humana no Atlântico.

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