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Crimes económicos

Joe Berardo detido por suspeitas de burla, fraude e branqueamento de capitais

29 jun, 2021 - 10:10 • Redação

Operação envolveu 180 profissionais, que levaram a cabo 51 buscas, em vários pontos do país, no âmbito de um inquérito do Ministério Público.

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Joe Berardo e o seu advogado André Luiz Gomes foram detidos, esta terça-feira de manhã. A investigação, com cinco anos, tem indícios de que o grupo económico liderado pelo empresário lesou três bancos em cerca de mil milhões de euros.

O madeirense é suspeito da prática dos crimes de administração danosa, burla qualificada, fraude fiscal e branqueamento de capitais.

Os dois detidos devem ser ouvidos pelo juiz Carlos Alexandre para primeiro interrogatório judicial.

De acordo com o site do Ministério Público, foram realizadas 51 buscas em vários locais do país, nomeadamente, Lisboa, Funchal e Sesimbra.

As diligências decorrem no âmbito de um inquérito dirigido pelo Ministério Público do Departamento Central de Investigação e Ação Penal.

Segundo o comunicado do MP, “investigam-se matérias relacionadas com financiamentos concedidos pela Caixa Geral de Depósitos e outros factos conexos, suscetíveis de configurar, no seu conjunto e entre outros, a prática de crimes de administração danosa, burla qualificada, fraude fiscal qualificada, branqueamento e, eventualmente, crimes cometidos no exercício de funções públicas.”

A Polícia Judiciária revela que foram feitas 20 buscas domiciliárias, 25 não domiciliárias, três a estabelecimentos bancários e uma a escritório de advogados, tendo ainda sido emitidos dois mandados de detenção.

A operação envolveu 180 profissionais: 138 da Polícia Judiciária, 26 da Autoridade Tributária, nove do Ministério Público e sete Juízes de Instrução Criminal.

“A investigação iniciada em 2016, identificou procedimentos internos em processos de concessão, reestruturação, acompanhamento e recuperação de crédito, contrários às boas práticas bancárias e que podem configurar a prática de crime”, avança a PJ.

No comunicado, o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) lamentou que a investigação não tivesse a "celeridade desejável", devido a "carência de meios técnicos e outros ajustados à natureza, dimensão e complexidade da investigação".

A operação da PJ incidiu sobre um grupo económico, que entre 2006 e 2009, contratou quatro operações de financiamentos com a CGD, no valor de cerca de 439 milhões de euros. “Este grupo económico tem incumprido com os contratos e recorrido aos mecanismos de renegociação e reestruturação de dívida para não a amortizar”.

De acordo com a nota enviada à redação, foi provocado um prejuízo de quase mil milhões de euros à CGD, ao Novo Banco e ao BCP.

O inquérito encontra-se em segredo de justiça.

Nas primeiras reações, a deputada do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, espera que seja feita justiça em relação a devedores aos bancos como Joe Berardo "expostos nas comissões de inquérito" que cometeram ações "muitas delas de caráter fraudulento".

O Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV) pediu “que seja feita justiça”, a propósito da detenção do empresário Joe Berardo e do advogado André Luís Gomes, já que “quem pratica crimes deve ser condenado por isso”. Interpelado a propósito da detenção do empresário, José Luís Ferreira referiu que “se há uma censura social, agora deve ter também reflexos do ponto de vista da privação da liberdade” ou de outras medidas “que venham a ser decididas” pelos tribunais.

[notícia atualizada às 15h02]

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  • Maria Oliveira
    29 jun, 2021 Lisboa 14:18
    Esta gente faz o seu papel. A classe política dirigente é que não desempenha o seu papel. Deviam ter vergonha: o Ministério Público não tem meios; a fiscalização/supervisão aos bancos exerce-se deficientemente; as leis contêm alçapões que permitem aos prevaricadores escapar facilmente; o processo penal é de uma morosidade confrangedora; o regime de incompatibilidades é uma anedota. Esta classe política que nos dirige vive satisfeita com este estado de coisas. E há mais 400.000 pobres de que só a Rádio Renascença fala. A classe política não se sobressalta. O "Já posso ir ao banco?" resume tudo. Isto não é um País, é uma choldra!

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