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Liga Portuguesa contra o Cancro está “desesperada" com impacto da pandemia nos doentes

03 fev, 2021 - 19:24 • Henrique Cunha

O presidente do Núcleo Regional do Norte da Liga Portuguesa contra o Cancro diz à Renascença que “a incidência do cancro é cada vez maior” e, no último ano, perderam-se “os ganhos substanciais que tinham sido conquistados ao longo dos anos”.

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O presidente do Núcleo Regional do Norte da Liga Portuguesa contra o Cancro, Vítor Veloso, mostra-se “desesperado com a pandemia e com o problema dos doentes oncológicos”.

Na véspera do Dia Mundial do Cancro, que se assinala quinta-feira, Vítor Veloso diz à Renascença que “a incidência do cancro é cada vez maior” e, no último ano, perderam-se “os ganhos substanciais que tinham sido conquistados ao longo dos anos”.

O dirigente da Liga Portuguesa contra o Cancro afirma que “os doentes oncológicos são parentes pobres, cada vez com mais dificuldade de acesso”.

“Dificuldades de acesso ao médico de famílias, na medida em que lhes estão a dar tarefas que dizem unicamente respeito à pandemia e, portanto, a acessibilidade de um doente para fazer um diagnóstico ou fazer as suas queixas é muito difícil e são exíguos os meios para pedidos de diagnóstico”, sublinha Vitor Veloso.

O responsável dá o exemplo do rastreio do cancro da mama, em que terão ficado cerca de 600 casos por identificar ao longo do último ano, só na região Norte.

Vitor Veloso garante que “o rastreio do cancro da mama que estava a cargo da Liga Portuguesa contra o Cancro no Norte do país não funcionou praticamente durante um ano”.

Nas contas do presidente do Núcleo Regional do Norte, “há 600 cancros iniciais que não foram detetados e que eram, potencialmente, curáveis”. Isto significa que “esses cancros, neste momento, provavelmente, já não podem ser classificados de cancros precoces, e portanto, o tratamento será muito mais agressivo e será também um tratamento que não vai ter o êxito que poderia ter se fosse atacado precocemente”, lamenta.

Vitor Veloso garante que “vamos ter uma mortalidade muito maior e vamos ter sobrevidas com menos qualidade de vida”.

O responsável não tem dúvidas de que “existe uma taxa de mortalidade muito grande que não está relacionada com a Covid, mas sim com muitas das outras doenças crónicas, como o cancro”, que vai “ter repercussão nos próximos anos” e é imperioso que “a culpa destas mortes não morra solteira como tem acontecido habitualmente”.

Para Vitor Veloso, “houve má preparação da pandemia e, sobretudo, não foram acauteladas as doenças crónicas, nomeadamente o cancro”.

Nestas declarações à Renascença, o presidente do Núcleo do Norte da Liga Portuguesa Contra o Cancro volta a insistir num pedido de esclarecimento pelo facto dos doentes oncológicos não terem sido considerados prioritários no processo de vacinação.

Mais de um milhão de euros de apoios desde o início da pandemia

No início da pandemia, o Núcleo Regional do Norte da Liga Contra o Cancro criou uma linha de apoio ao doente oncológico.

A “LADO” foi constituída a 23 de março de 2020 e dispõe de apoio social e económico, entrega e recolha de bens alimentares, oferta de cabaz alimentar, consulta de psico-oncologia, compra e entrega de medicamentos hospitalares e farmácia, apoio emocional, requisição de ajudas técnicas, visita de proximidade, Informação sobre os direitos dos doentes e relacionados com o Covid-19 e apoio jurídico.

Desde finais de março do ano passado, a “LADO” já entregou em casa dos doentes mais de 5.500 refeições, assim como realizou quase 3.500 entregas de medicamentos.

No âmbito do projeto foram também realizadas quase 4.800 consultas de psico-oncologia a doentes e familiares, através de telefone ou videochamada.

No total, o Núcleo Regional do Norte da Liga Portuguesa contra o Cancro “disponibilizou ao longo do último ano de 2020 um milhão de euros nesses apoios”.

Vitor Veloso adianta que, além da distribuição de refeições e da entrega de medicamentos, o Núcleo apoiou o “pagamento de rendas, de luz, de água, e também em transportes” e até “no apoio dos agregados familiares em que a única pessoa que trabalhava era precisamente o doente oncológico”.

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