Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

Covid-19

“Impõe-se uma travagem às quatro rodas”, diz ex-ministro da Saúde

14 jan, 2021 - 10:23 • Beatriz Lopes com redação

Adalberto Campos Fernandes admite que tem dúvidas sobre se as escolas deviam ter permanecido abertas e compara a situação atual de Portugal a um carro desgovernado.

A+ / A-

Veja também:


O ex-ministro Adalberto Campos Fernandes diz que um novo confinamento era necessário, mas tem dúvidas sobre se as medidas anunciadas pelo Governo na noite de quarta-feira não deveriam ter ido mais longe.

O antigo ministro da Saúde questiona, por exemplo, a decisão de manter abertas as escolas acima do terceiro ciclo.

Ouvido pela Renascença, diz mesmo que a situação da pandemia em Portugal é de descontrolo, mas reconhece que o confinamento também acarreta riscos.

“A metáfora que podemos utilizar aqui é a de um carro que está relativamente desgovernado e a ir depressa de mais. O travão às quatro rodas impõe-se e isso significa, em si mesmo, um risco também por uma travagem brusca.”

“A ideia que procuro transmitir é que de facto neste momento justificar-se-ia uma travagem às quatro rodas muito intensa porque o contexto epidemiológico não tem nada que ver com o contexto de abril, porque estamos de facto numa escalada que é uma escalada que tem de ser interrompida, pelo excesso de mortalidade, mas também porque é nítido que o sistema de saúde está em sofrimento, portanto temos de aliviar a pressão de entrada”, defende.

“A única dúvida que tenho é sobre se a atividade escolar para crianças com mais de 12 anos deveria ter sido equacionada”, conclui o antigo ministro.

No início da semana, em declarações à Renascença, o antigo governante defendia que um confinamento como o que vivemos em março, não chegaria. “Não temos margem para não acertarmos no sucesso deste confinamento.”

As novas medidas tomadas pelo Conselho de Ministros para controlar a pandemia de Covid-19, entre as quais o dever de recolhimento domiciliário, entram em vigor às 00h00 de sexta-feira.

Segundo o chefe do executivo, as exceções que já existiram em março e abril manter-se-ão, mas deixou em apelo: “por uma vez, não percamos muito tempo a olhar para as exceções e que concentremo-nos no que é mesmo essencial, o recolhimento domiciliário para que cada um se proteja e, protegendo-se, proteja também a saúde dos outros”.

“As regras que repomos são essencialmente as mesmas que vigoraram entre março e abril, com uma exceção que se prende com o calendário democrático das eleições presidenciais do próximo dia 24 de janeiro e com a necessidade de não voltarmos a sacrificar a atual geração de estudantes e por isso iremos manter em pleno funcionamento todos os estabelecimentos educativos”, adiantou.

Portugal tem assistido a um pico do número de novos casos de Covid-19, registando há vários dias seguidos mais de uma centena de mortes por dia. Só na quarta-feira morreram 155 pessoas e foram contabilizados mais de sete mil novos casos.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Maria Oliveira
    14 jan, 2021 Lisboa 17:17
    Este novo confinamento vai trazer pouco resultado. Servirá apenas para diminuir um pouco a pressão sobre os hospitais (internamentos). Não se compreende como se mantêm abertos os centros comerciais (hipermercados, lojas de ferragens, floristas, lojas de produtos dietéticos, lojas de animais, etc). Nestes locais, sem arejamento e com climatização muito nociva, com grande concentração de pessoas, o contágio é evidente. Depois, não se entende que, por ex. as livrarias de rua (com porta para a rua) tenham de vender "ao postigo". É um absurdo manter centros comerciais abertos e encerrar o pequeno comércio de rua. Quanto às escolas, parece muito duvidoso que permaneçam abertas (secundário e universidades).
  • Filipe
    14 jan, 2021 évora 11:48
    As exceções são tantas que ninguém fica em casa , nem que tenham de ir a 10 farmácias por dia , 20 supermercados e continuam as enchentes por todo o lado incluindo os ajuntamentos nas casa privadas . O primeiro foi conseguido por medo das pessoas , mas desta vez anda já tudo vacinado ... deixem o Sol aparecer todos os dias a ver que fica em casa e quem sai , depois digam . Fecharam o que não provoca surtos ou contaminações , deixaram aberto a festa da Covid - 19 , aproveitem o bar aberto . Chegará o dia dos 1000 mortos por dia ...

Destaques V+