Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

Casa Pia. Carlos Cruz pede novo julgamento

30 dez, 2020 - 21:24 • Lusa

Ricardo Sá Fernandes, advogado de Carlos Cruz, confirma que o pedido de revisão da decisão vem no seguimento de o tribunal europeu ter considerado que “foi violado o princípio do processo equitativo”.

A+ / A-

O ex-apresentador de televisão Carlos Cruz apresentou um pedido de revisão da seu acórdão no processo casa Pia, no qual foi condenado a seis anos de prisão por abuso sexual de um menor, confirmou à Lusa o seu advogado, esta quarta-feira.

O pedido, que será apreciado pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ), vem no seguimento de uma decisão do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH) que, em junho de 2018, deu razão o Carlos Cruz, que contestava a recusa do Tribunal da Relação de Lisboa de admitir novas provas da defesa em fase de recurso, considerando que o arguido não teve direito a um “julgamento equitativo”.

Depois de o Expresso ‘online’ ter avançado hoje ao fim do dia com a notícia, o advogado Ricardo Sá Fernandes disse à Lusa que o pedido de revisão da decisão vem no seguimento de o tribunal europeu ter considerado que “foi violado o princípio do processo equitativo”, ao não ponderar provas – documentos e entrevistas - apresentadas pela defesa de Carlos Cruz.

Em causa estão declarações do ex-motorista da Casa Pia Carlos Silvino e alegado angariador de jovens, que se retratou das acusações feitas a Carlos Cruz e a outros arguidos depois de estes terem sido condenados.

Para o advogado, o pedido de revisão de sentença “é um tiro que só se dá uma vez”, justificando assim o tempo decorrido entre a decisão do tribunal europeu (2018) e este pedido para novo julgamento.

Carlos Cruz cumpriu dois terços da pena de seis anos e saiu em liberdade em julho de 2016.

Sobre este pedido, o advogado afirmou que é “uma peça muito complexa”, que o obrigou “a confirmar milhares de documentos e a ouvir dezenas de horas de gravações”.

“É um tiro que só se dá uma vez e tinha de estar absolutamente seguro do que ia apresentar”, referiu.

O pedido de novo julgamento foi entregue no tribunal de primeira instância e, prevê o advogado, deverá subir ao STJ até fevereiro, devendo a decisão demorar entre dois e três meses.

Sobre o estado de espírito de Carlos Cruz, que sempre disse estar inocente, o seu advogado afirmou: “Carlos Cruz vive para isto, para ver o seu nome reabilitado. Tem tido várias doenças e aquilo que o mantém vivo é a esperança de ver o seu nome limpo”.

“Carlos Cruz não teve nada a ver com os abusos ou com o processo Casa Pia. É um homem completamente inocente que ficou com a vida destruída”, frisou.

O ex-apresentador foi condenado em 2010 por abuso sexual de menores, no âmbito do processo Casa Pia. Cumpriu dois terços da pena de seis anos de cadeia e saiu em liberdade em julho de 2016.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Ivo Pestana
    31 dez, 2020 Funchal 12:10
    Nem pensar. É muito caro.
  • Filipe
    30 dez, 2020 évora 23:35
    Pode ter razão tal como outros inocentes metidos nas cadeias Portuguesas a exemplo dos Tribunais de Plenário . Mas uma coisa é certa , Portugal teve nos últimos anos uma quantidade anormal de condenações no TEDH e nenhum magistrado é responsabilizado ou pede desculpa , quem paga as indemnizações é o povo dos impostos . Depois existe outro contra , é que o corporativismo de magistrados é tão elevado que comem todos da mesma panela , não estou a ver irem dar razão ao TEDH nem acusar outro magistrado . Vejam o caso Sócrates ... combinaram-se todos para negarem os recursos todos , pois ele lhes deitou a mão aos ordenados em tempo .

Destaques V+