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Estudo

Menos de 2% dos portugueses estavam imunes à Covid-19 na 1.ª vaga

18 dez, 2020 - 00:06 • Redação com Lusa

Estudo revela ainda que a percentagem de contágios foi mais elevada nos jovens. O vice-diretor do Instituto de Medicina Molecular diz que valor demonstra a importância da vacinação.

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Desde o início da pandemia e até setembro, foram cerca de 195 mil os portugueses que tiveram contacto com o novo coronavírus, desenvolvendo anticorpos. O estudo serológico nacional estima que 1,9% da população portuguesa tenha sido infetada com o SARS-CoV-2 na primeira vaga.

O estudo do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (iMM) foi financiado em dois milhões de euros pela Sociedade Francisco Manuel dos Santos e pelo grupo Jerónimo Martins.

Segundo o vice-diretor do Instituto de Medicina Molecular, “só um em cada 50 portugueses esteve exposto e, por isso, formou estes anticorpos que estão no sangue e que poderão protegê-los”.

São números que ficam muito aquém dos 60 a 70% necessários para que seja criada imunidade de grupo, alerta na Renascença Bruno Silva Santos. “É sem dúvida um número bastante baixo e que salienta a importância da vacinação. Tivemos a segunda vaga, mas a expetativa matemática é que estejamos ainda abaixo dos 10% neste momento. Isto revela a importância da vacinação para chegarmos àquele nível de imunidade que vamos necessitar para voltar à vida normal.”

O estudo serológico revela ainda que a percentagem de contágios foi mais elevada nos jovens com menos de 18 anos de zonas de elevada densidade populacional.

No grupo de menores de idade a prevalência foi estimada em 2,2%, face aos 2,0% verificada no grupo de voluntários entre os 18 e 54 anos e aos 1,7% com mais de 54 anos.

“A prevalência estimada aumenta com a densidade populacional, assumindo um valor estatisticamente superior nas regiões de alta densidade: 2,5% nas regiões de alta densidade populacional, face a 1,4% nas regiões de média densidade e 1,2 nas regiões de baixa densidade”, refere ainda o estudo.

O Painel Serológico Nacional Covid-19 (PSN), que decorreu entre 8 de setembro e 14 de outubro em 102 municípios de Portugal continental e das ilhas, incluiu uma amostra de cerca de 13 mil voluntários, distribuídos por nove estratos que cruzaram a densidade populacional e o grupo etário de forma quase proporcional à população portuguesa.

Segundo o instituto de investigação privado, o PSN permitiu “fazer um retrato da primeira vaga da Covid-19, através da proporção da população que, mediante avaliação serológica, desenvolveu anticorpos específicos contra o vírus SARS-CoV-2”.

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O estudo, que foi aprovado pela Comissão de Ética do Centro Académico de Lisboa, não detetou diferenças de seroprevalência entre homens e mulheres.

Segundo Bruno Silva-Santos, investigador principal do estudo, os resultados “permitem fazer um retrato da primeira vaga de Covid-19 e mostram que o país conseguiu achatar a curva na primeira onda da pandemia, o que se traduz numa prevalência estimada da infeção por SARS-CoV-2 de apenas 1,9%” da população portuguesa.

“Estamos ainda a trabalhar os dados dos questionários de saúde, fatores associados com a sintomatologia da Covid-19 e outras doenças, o que nos permitirá fazer uma análise mais completa sobre este retrato da primeira vaga da pandemia”, referiu o vice-diretor do iMM.

A definição e caracterização da amostra contou com o contributo de especialistas da Pordata, base de dados organizada pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, e da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, à qual está agregada o iMM.

A pandemia de Covid-19 provocou pelo menos 1.649.927 mortos resultantes de mais de 74,1 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 5.902 pessoas dos 362.616 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

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