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Coronavírus

Médicos de família dizem que desigualdades no acesso à saúde aumentaram

06 nov, 2020 - 18:22 • Lusa

O problema está no aumento do uso das tecnologias digitais que, embora tenham tido efeitos positivos, aumentaram o fosso entre os que os dominam e têm acesso e os que não têm.

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Um estudo internacional, coordenado em Portugal pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto concluiu, tendo por base o testemunho de 1.500 médicos de família, que a pandemia "agudizou" as desigualdades no acesso aos cuidados de saúde.

Em comunicado, a FMUP avança esta sexta-feira que o estudo, intitulado ‘inSIGHT’ e liderado pelo Institute of Global Health Innovation (Reino Unido), visava “avaliar as perspetivas” dos médicos de família sobre a utilização das tecnologias digitais nos cuidados de saúde primários imposta pela pandemia da Covid-19.

Coordenado em Portugal por Ana Luísa Neves, professora da FMUP e investigadora do CINTESIS, o estudo envolveu cerca de 1.500 médicos de família de 16 países (Portugal, Espanha, França, Itália, Alemanha, Reino Unido, Irlanda, Croácia, Eslovénia, Turquia, Chile, Colômbia, Brasil, Canadá, Estados Unidos e Austrália).

Citada no comunicado, Ana Luísa Neves explica que a maioria dos médicos de família reconheceu que as tecnologias digitais tiveram “um efeito positivo” na redução global do risco de transmissão da Covid-19 (89,6%), na monitorização dos doentes infetados (81,2%), na prestação de cuidados preventivos (81,2%) e no acompanhamento de doenças crónicas (69,8%).

No entanto, “quase metade dos médicos considerou que houve um efeito negativo na agudização de desigualdades de acesso por parte de determinados grupos”, refere.

“Alguns grupos da população terão sido excluídos, nomeadamente os idosos e os que têm menor literacia digital ou menor tendência para usar estas tecnologias, mas os determinantes de exclusão poderão ser mais, e mais complexos, do que prevemos”, realça a investigadora.

Os resultados obtidos com este estudo já motivaram a realização de outro, que deverá arrancar em novembro, e que tem como objetivo “avaliar as perceções dos próprios doentes sobre a transição digital durante a pandemia da Covid-19”.

Segundo Ana Luísa Neves, que será também a coordenadora em Portugal do novo estudo, “é fundamental ouvir os doentes, que são os utilizadores finais” da experiência da telemedicina.

“É um imperativo ético retirar desta experiencia as lições necessárias para perceber como, em que circunstancias, e com quais grupos de doentes estes modelos poderão continuar a ser usados no futuro”, destaca a investigadora.

A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 1,2 milhões de mortos em mais de 48,7 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 2.792 pessoas dos 166.900 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

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