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Covid-19. Instituto Ricardo Jorge vai estudar amostras de doentes com infeção "anormalmente longa"

23 jun, 2020 - 13:00 • Lusa

O INSA vai realizar um estudo sobre a integridade genética do coronavírus SARS-CoV-2, que provoca a doença covid-19, e a sua evolução durante o período de infeção com o objetivo de “apoiar a decisão clínica e de saúde pública”.

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O Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA) vai estudar amostras consecutivamente positivas de doentes com infeção covid-19 “anormalmente longa” para tentar compreender a situação e poder “apoiar a decisão clínica e de saúde pública”.

“A existência de muitos casos de infeção atipicamente longos (superiores a 3-4 semanas), identificados laboratorialmente pela persistência de resultados positivos, tem constituído uma preocupação das entidades de saúde pela necessidade de manutenção de um longo confinamento dos infetados no hospital ou em casa”, refere o INSA num comunicado publicado na sua página na Internet.

Para tentar compreender esta situação, o INSA vai realizar um estudo sobre a integridade genética do coronavírus SARS-CoV-2, que provoca a doença covid-19, e a sua evolução durante o período de infeção com o objetivo de “apoiar a decisão clínica e de saúde pública”.

A investigação vai “estudar uma série de amostras consecutivamente positivas de doentes com infeção anormalmente longa, sujeitando as mesmas a estudos de integridade genómica pela utilização da metodologia de Sequenciação de Nova Geração”.

Segundo o investigador João Paulo Gomes, coordenador deste projeto, o estudo pretende perceber se “o genoma viral do SARS-CoV-2 está ‘inteiro’” ou se está apenas a detetar-se pequenos fragmentos virais não infecciosos, recorrendo à mesma metodologia que está a ser utilizada no estudo de âmbito nacional de variabilidade genética do SARS-CoV-2, igualmente liderado pelo INSA.

Em paralelo, será também estudada a infecciosidade viral de algumas destas amostras tardias através da cultura em linha celular.

“Estes resultados permitirão perceber se estamos perante um cenário de evolução genética adaptativa do vírus possibilitando a persistência da infeção, ou se as últimas amostras positivas não traduzem mais do que a existência de fragmentos virais não infecciosos”, explica João Paulo Gomes no comunicado.

O investigador refere que, caso esta última hipótese se confirme, são esperados benefícios diretos e imediatos para o Serviço Nacional de Saúde, na medida em que serão fornecidas provas científicas a dois órgãos de decisão.

“Por um lado, aos clínicos sobre a possibilidade de dar alta médica aos doentes com deteção da presença do vírus em amostras respiratórias por longos períodos. Por outro lado, aos médicos de saúde pública sobre a possibilidade de levantamento da restrição de contacto social aos infetados confinados em casa”, explica.

O coordenador do Núcleo de Bioinformática do INSA salienta que, “como consequência disto, antevêem-se naturalmente os respetivos impactos a nível familiar, social e económico”.

Para o desenvolvimento deste estudo, o INSA conta não só com a sua vasta coleção de amostras positivas analisadas, mas também com a colaboração específica dos laboratórios de análises Unilabs, Synlab e Joaquim Chaves.

No âmbito deste projeto, que obteve um financiamento de 34 mil euros e terá a duração de seis meses, foi iniciada uma colaboração científica com o Instituto de Medicina Molecular, o qual possibilitará a utilização de abordagens complementares para o mesmo fim, de forma a que as conclusões tenham a robustez necessária para os fins clínicos e de saúde pública a que se destinam.

O projeto é financiado no âmbito da segunda edição do programa de apoio “Research4Covid”, promovido pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.

A pandemia de covid-19 já provocou 1.534 mortes em Portugal e 39.392 casos confirmadas de infeção, de acordo com os dados mais recentes da Direção-Geral da Saúde.

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