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Dois homens foram presos por questionarem gestão da pandemia pelo governo húngaro

17 mai, 2020 - 13:29

As prisões, descritas pelos críticos do Executivo ultranacionalista húngaro como uma tentativa de intimidação, ocorreram devido à aplicação de uma lei recente que pune com prisão a disseminação de informações "alarmistas" sobre o vírus.

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Dois homens foram detidos e interrogados durante horas na Hungria esta semana por criticarem a gestão do Governo em relação à pandemia do novo coronavírus, que provoca a covid-19, segundo a agência de notícias EFE.

"És um déspota cruel. Mas não esqueça que, até agora, todos os ditadores caíram", foi um dos comentários publicados na rede social Facebook por András Kusinkszki, de 64 anos, preso na terça-feira.

János Csóka-Szücs, membro do partido Momentum (oposição) e que foi preso na quarta-feira, relembrou, numa das suas mensagens publicadas na mesma rede social, uma manifestação contra o Governo e acrescentou que o hospital em sua cidade esvaziou mais de 1.100 camas para atender pacientes do covi-19.

Ambos foram detidos com um dia de intervalo e o momento de suas detenções foi registado pela polícia húngara, que divulgou os vídeos na Internet.

As mensagens publicadas pelos dois críticos foram vistas e partilhadas por apenas dezenas de pessoas.

A polícia agiu, em ambos os casos, sob a suspeita de que os detidos haviam violado a lei que proíbe a divulgação de informações alarmistas.

No entanto, o Ministério Público da Hungria determinou que nenhum crime foi cometido.

Segundo dados oficiais da polícia, as autoridades estão a investigar 87 casos de possível delito de “alarmismo”.

A oposição e as organizações não-governamentais (ONG) afirmam que essas prisões servem apenas para intimidar os cidadãos e, assim, minimizar as críticas ao Governo do primeiro-ministro ultranacionalista, Viktor Orbán.

O Parlamento húngaro, no qual o partido Fidesz (de Orbán) possui uma maioria de dois terços, concedeu ao Governo poderes especiais em março para administrar a crise do novo coronavírus, sem especificar por quanto tempo.

O pacote legal inclui uma emenda que prevê penas de até cinco anos de prisão por espalhar informações "falsas" ou "alarmistas" que dificultam ou impossibilitam a luta contra a pandemia.

A comissária europeia para os Valores e Transparência, Vera Jourová, prometeu na quinta-feira que a Comissão Europeia irá vigiar se a Hungria remove progressivamente as restrições para conter a pandemia.

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