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Nadadores salvadores "nunca poderão fiscalizar" banhistas. "Nunca o faremos"

15 mai, 2020 - 17:15 • Liliana Monteiro

"Sejamos honestos e sinceros com as pessoas, o que se vai passar nas praias não é diferente do que fazemos no dia-a-dia", diz o presidente da FEPONS.

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A Federação Nacional de Nadadores Salvadores (FEPONS) diz que “invenções” que têm sido ditas sobre as praias em tempo de Covid-19 só afastam portugueses e isso ninguém quer. Os nadadores dizem não ter competências de fiscalização das futuras medidas.

Muito se tem dito sobre o regresso às praias, mas a verdade é que o grupo de trabalho que define as regras do regresso ao areal ainda não concluiu o seu propósito, nem divulgou oficialmente informação.

“As autoridades de saúde é que nos têm de dizer quais são os conselhos e recomendações a seguir. Como vão ser implementadas? Isso é como depois fazemos na rua ou em casa. Cada português, civicamente, deve seguir essas recomendações. Todas as invenções e o mais que se diga é criar entraves que não queremos. Ninguém quer dificultar a ida dos portugueses à praia, nem nadadores nem a economia. Sejamos honestos. O que se vai passar nas praias é o que já acontece hoje no dia-a-dia e que se vai prolongar durante muitos meses”, afirma à Renascença o presidente da FEPONS, Alexandre Tadeia.

Nesta altura são muitos os portugueses que começam a pensar no tipo de férias que podem ter e muitos estão à procura de casas isoladas com piscina.

Alexandre Tadeia sublinha que as praias vigiadas são sempre uma boa opção, recordando que o maior número de mortes por afogamento ocorre no interior em rios, barragens e poços, mas também em piscinas, zonas sem vigilância.

“Em 2019 tivemos 113 mortes por afogamento, destas apenas duas em zonas com vigilância”, explica.

Alexandre Tadeia considera que, mais do que as medidas que ainda não se conhecem, importante seria saber, o quanto antes, as datas de abertura e duração da época balnear nas várias zonas do país, tendo em conta que toda uma estrutura que tem de se organizar. Mesmo assim, compreende que a avaliação não seja fácil e se tenham de aguardar indicadores sobre a evolução da Pandemia.

Nadadores a fiscalizar praias? “Nunca”

Alexandre Tadeia está contra a ideia de colocar os nadadores salvadores a fiscalizar e controlar o respeito pelas medidas sanitárias nas praias.

“Os nadadores salvadores não são autoridade nem têm competência para tal, a fiscalização compete sim às autoridades. Podem aconselhar banhistas e nunca poderão fiscalizar e nunca o faremos! Como diz um ditado português: ‘cada macaco no seu galho’, afirma o presidente da FEPONS.

Em declarações à Renascença, garante que os nadadores salvadores vão estar nas praias para cumprir a sua missão que passa por “prevenir afogamento e prestar primeiros socorros às pessoas”.

A formação de nadadores deste ano está comprometida e suspensa. “Dos dois mil nadadores que costumamos formar só formámos 200, ou seja, um décimo. Isto levanta várias preocupações. Fizemos um estudo que mostra que 49,2% dos nadadores salvadores sazonais não voltam a trabalhar na época seguinte. Precisamos de formar novos dois mil nadadores todos os anos”, admite o presidente da FEPONS.

Ao poder político pede que crie incentivos “para convencer os nadadores certificados a trabalhar como nadadores salvadores durante a época balnear, como de resto fez com os bombeiros na época de incêndios”. Alexandre Tadeia sublinha que os incentivos “têm a ver com as taxas moderadoras e com o rendimento não ser tributado em sede de IRS”.

Esta classe profissional não tem salário fixo. “Tudo o que seja acima do salário mínimo nacional é permitido. Cada nadador negoceia com a autarquia a remuneração e tipo de contratação. Isto é tudo muito injusto, tendo me conta que a quase totalidade deles trabalham semanalmente mais do que as 40 horas máximas do código do trabalho”, argumenta.

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