06 nov, 2017 - 06:22
O ministro da Saúde admitiu que "alguma coisa correu mal" no caso do surto de legionella no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, apesar de acreditar que "as melhores práticas foram seguidas".
"Tendo sido seguidas as melhores práticas, alguma coisa correu mal. A mim, o que me incumbe enquanto responsável político é perceber que, pela evidência dos relatos e pela primeira aproximação aos factos, o que foi dito e visto é que todos os procedimentos foram seguidos de acordo com as melhores práticas. Ainda assim, alguma coisa correu mal", disse Adalberto Campos Fernandes.
"Portanto, é muito simples. Todos terão de perceber que a nossa obsessão neste momento é perceber o porquê de, tendo sido cumpridos os procedimentos, [alguma coisa] ter corrido mal. E não descansaremos enquanto essa identificação não for conhecida", disse o ministro em conferência de imprensa.
As declarações do ministro surgem um dia depois de a Directora-geral de Saúde, Graça Freitas, ter declarado que "nada falhou" na prevenção e nas medidas de controlo da infecção com a bactéria no hospital, já que "nem sempre as melhores medidas conseguem contrariar esta dinâmica das bactérias".
O ministro da Saúde deu duas semanas à Direcção-Geral de Saúde e ao Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) para que "habilitem o governo com um relatório detalhado, que seja do conhecimento público", para apurar a forma como as coisas correram.
No fundo, disse Adalberto Campos Fernandes, trata-se de "responder a esta questão muito simples".
"Tendo tudo sido feito de acordo com as normas, o que é que correu menos bem, para que nos víssemos confrontados com um surto que é real, existe, e que não pode em nenhuma circunstância ser dissimulado ou diminuído", realçou o responsável.
O ministro disse que está a acompanhar a situação, tal como o resto do Governo, "a evolução dos acontecimentos de hora a hora".
"Queremos perceber o que aconteceu e ter condições para que nunca mais aconteça", sublinhou.
O ministro deixou ainda uma mensagem de tranquilidade aos utentes dos hospitais e manifestou "confiança nos técnicos" e na actuação que tiveram no Hospital São Francisco Xavier.
O ministro deixou ainda um aviso: os relatórios agora pedidos "não são para encher calendário".
Desde 31 de Outubro, foram diagnosticadas 26 pessoas infectadas com a doença dos legionários, conhecida também por legionella.
Um doente encontra-se numa unidade de saúde privada, outro teve alta, um terceiro está no Hospital Pulido Valente, dois na unidade de cuidados intensivos do hospital São Francisco Xavier e os restantes encontram-se internados no hospital Egas Moniz, em Lisboa.