10 set, 2024 - 15:37 • Reuters
A campanha para vacinar 200 mil crianças contra a poliomielite começou esta terça-feira, no norte da Faixa de Gaza apesar de restrições de acesso, ordens de evacuação e limitações de combustível.
A campanha no norte da Faixa de Gaza, onde a ofensiva das forças israelitas tem sido mais intensa nos últimos 11 meses, acontece depois da vacinação de cerca de 446 mil crianças nas zonas centro e sul do enclave.
Pessoal médico tem administrado as vacinas na campanha do norte apesar da falta acentuada de combustível e de outros desafios, confirmou Dr. Moussa Abed, responsável pela unidade de cuidados primários do Ministério da Saúde palestiniano.
Os centros de vacinação localizam-se em zonas de conflito militar ativo, o que dificulta os acessos e aumenta o isolamento das instalações, referiu Sam Rome, diretor da agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos.
“Há muita ansiedade, mas temos de fazer acontecer”, sublinhou à Reuters.
Na segunda-feira, Israel intercetou um conjunto de veículos que se destinavam à campanha de vacinação e uma equipa da Organização Mundial de Saúde (OMS), que se dirigia ao Hospital de Al Shifa, na Faix de Gaza. Em consequência, a missão teve de ser abortada, comunicou a porta-voz da OMS, Tarik Jasarevic, aos jornalistas.
De acordo com uma informação de segunda-feira, das Nações Unidas, Israel ordenou uma nova ordem de evacuação ao norte de Gaza, que abrange territórios em que o conflito está em pausa por questões humanitárias, devido à campanha de vacinação.
“A centralização dos serviços no Sul faz com que seja extremamente difícil aceder a combustível para ter acesso às vacinas”, confessou Mahmoud Shalabi, da associação britânica, Medical Aid for Palestinians. O representante acrescenta que não há combustível nem etiquetas suficientes para fornecer novas equipas de vacinação.
Hossam Medhat Saleh, palestiniano, contou à Reuters que teve de caminhar com os seus três filhos menores até ao centro de vacinação porque não há transportes.
“Há imensos perigos na estrada – como podem ver a destruição, nas estradas e infraestruturas, além dos mísseis e explosões que continuam”, contou à Reuters, no meio de uma rua ladeada por destroços de carros e edifícios.
A campanha para vacinar mais de 640 mil crianças abaixo dos 10 anos na Faixa de Gaza arrancou a 1 de setembro, depois da confirmação da OMS de que um bebé teria sido infetado com pólio tipo 2 e, consequentemente, ter ficado paralisado. Este foi o primeiro caso registado no território em 25 anos.
No norte de Gaza, a campanha de vacinação a decorrer corresponde à primeira ronda. A segunda está agendada para um mês depois.
Foi a 7 de outubro do ano passado que Israel iniciou a invasão da Faixa de Gaza, depois do ataque do Hamas que matou 1200 israelitas.
Até ao momento, o exército israelita matou mais de 40 mil palestinianos, de acordo com o ministério da Saúde palestiniano e destruiu grande parte do território.