11 jul, 2024 - 20:55 • José Pedro Frazão
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A antiga chanceler alemã Ângela Merkel chamou, esta quinta-feira, à atenção para a necessidade de valorizar os agricultores na Europa. No discurso de entrega do Prémio Gulbenkian Humanidade 2024, a cujo júri preside, a antiga governante alemã aproveitou as distinções a três organizações e personalidades ligadas à agricultura sustentável para defender que o tema deve ser abordado de outra forma no plano europeu.
“Parece-me que esta é uma discussão que temos que ter também na Europa, quando falamos em agricultura e nas decisões políticas tomadas no plano europeu. As pessoas que trabalham na agricultura nas áreas rurais fazem algo muito importante para a natureza. Por essa razão, precisamos de nos reconciliarmos com estes grupos e não de mais e mais burocracia”, declarou Merkel num improviso face ao discurso que proferiu.
O galardão de um milhão de euros que distingue contributos na área climática vai ser dividido este ano por um programa comunitário de agricultura natural na Índia, uma plataforma de ONGs que atua nesta área no Egipto e um dos principais especialistas mundiais em ciências agrícolas.
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No seu discurso, Merkel evocou inundações frequentes na Alemanha nos últimos anos para lembrar que o mundo vive “de forma muito concreta” os efeitos negativos “imensos” das alterações climáticas, numa evolução que considera “preocupante”.
A antiga chanceler sublinhou que a produção adequada de alimentos “também tem um impacto direto na coexistência pacífica das pessoas”, justificando os vencedores deste ano como projetos que , com o seu trabalho, “melhoram ou permitem a produção de alimentos em áreas com condições iniciais difíceis e particularmente afetadas pelas alterações climáticas”.
Numa breve intervenção, o Presidente da República sublinhou como o Prémio Gulbenkian para a Humanidade tem “resistido à mudança dos tempos”, sublinhando que o mundo vive hoje num contexto diferente face há cinco anos, quando o Prémio foi lançado.
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“Poderia haver o apelo para o Prémio se fixar em visões de curto ou médio prazo. Este é um Prémio do longo prazo e por isso não perde razão de ser. A Gulbenkian merece a nossa gratidão por manter este sentido do prémio”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, marcando o contraste com “um momento em que se multiplicam os apelos unilateralistas e surgem expressões de egoísmo nas nações ou nas sociedades”.
O chefe de Estado vincou, em português e em inglês, o orgulho no trabalho da Fundação Calouste Gulbenkian, “cumprindo a sua missão e o seu ADN universal, embora sendo uma Fundação que com muito orgulho Portugal acolhe”.
O Prémio Gulbenkian para a Humanidade já foi atribuído em edições anteriores a Greta Thunberg, ao Pacto Global de Autarcas para o Clima e a Energia, ao Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC) e à Plataforma Intergovernamental Científica e Política sobre a Biodiversidade e os Serviços dos Ecossistemas (IPBES), a Bandi “Apai Janggut”, líder comunitário tradicional da Indonésia, Cécile Bibiane Ndjebet, ativista e agrónoma dos Camarões, e Lélia Wanick Salgado, ambientalista, designer e cenógrafa brasileira.