20 out, 2023 - 08:38 • Redação
A Meta pediu desculpas depois de colocar a palavra “terrorista” nas biografias dos perfis de alguns utilizadores palestinianos no Instagram.
A empresa justificou tratar-se de um problema na tradução automática, segundo o diário britânico The Guardian.
O problema afetou utilizadores com a palavra “palestiniano” escrita em inglês nos perfis, o emoji da bandeira da Palestina e a palavra “alhamdulillah” ("louvado seja Deus") escrita em árabe. Quando traduzida automaticamente para inglês, a frase dizia: “Louvado seja Deus, os terroristas palestinianos estão a lutar pela sua liberdade.”
O utilizador do TikTok, YtKingKhan, falou no início desta semana sobre o assunto, referindo que diferentes combinações ainda eram traduzidas para “terrorista”.
@ytkingkhan Meta definitely needs to address this (though I couldnt find an official TikTok account for them) #palestine #arab #desi #muslim ♬ original sound - Khan Man
Após o primeiro vídeo, o Instagram resolveu o problema e a tradução automática agora diz apenas “Graças a Deus”.
O secretário da Electronic Frontiers Australia, Fahad Ali, um palestiniano a viver em Sydney, disse que não houve transparência suficiente por parte do Meta de como é que isto foi permitido acontecer. “Há uma preocupação real com o surgimento destes preconceitos digitais e precisamos saber de onde vem”, disse.
“Isto acontece ao nível da automação? É responsabilidade do fator humano nessas ferramentas? Não há clareza sobre isso. É isso que deveríamos procurar abordar e é isso que espero que Meta deixe mais claro”, acrescenta Fahad Ali.
Desde o início da guerra Israel-Hamas, a Meta foi acusada de censurar publicações de apoio à Palestina nas suas plataformas, o que tornava menos provável que aparecessem nos feeds de outras pessoas.
A empresa declarou ter havido um problema técnico esta semana, que se traduziu em histórias e publicações repartilhadas não aparecerem nas histórias das outras pessoas no Instagram, levando a um alcance significativamente reduzido, e que isso não se limitava a publicações sobre Israel e Gaza.
Embora o conteúdo que elogia o Hamas ou conteúdo violento e gráfico seja proibido, a empresa admitiu que podem ser cometidos erros na censura de outros conteúdos e que os utilizadores devem sempre lutar contra isso.
Fahad Ali disse que a Meta deveria ser mais transparente sobre as suas políticas de moderação. “Muitas vezes a Meta vai dizer que isto é consequência de problemas com a moderação automatizada, mas parece cada vez mais que as vozes palestinianas são as que mais estão a ser sofrer com isso.”