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Guerra na Ucrânia

Especialistas alertam para risco de desinformação sobre resposta da UE à escassez de gás russo

25 jul, 2022 - 15:22 • Lusa

As tensões geopolíticas devido à guerra na Ucrânia têm afetado o mercado energético europeu, já que a UE importa 90% do gás que consome, sendo a Rússia responsável por cerca de 45% dessas importações.

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O Observatório Europeu dos Meios de Comunicação Digital (EDMO) alerta que podem surgir notícias falsas sobre a resposta da União Europeia (UE) à escassez de gás, dados os constrangimentos no fornecimento russo, quando se teme uma rutura total.

A conclusão do EDMO consta de um relatório periódico divulgado esta segunda-feira sobre "falsas narrativas" relativas à guerra da Ucrânia causada pela invasão russa, no qual este organismo europeu antecipa que, "à medida que emerge informação falsa relativa aos lucros dos países europeus com a subida dos preços energéticos, é provável que aumente nos próximos meses a desinformação sobre uma fragmentada resposta europeia à iminente escassez de gás".

Numa altura em que a UE se prepara para evitar um cenário de acentuada crise energética perante uma eventual rutura do fornecimento do gás russo à Europa, o EDMO antevê como um dos assuntos a ser alvo de fake news (notícias falsas) a "resposta europeia à escassez de gás".

Na passada quarta-feira, a Comissão Europeia propôs uma meta para redução do consumo de gás UE de 15% até à primavera, quando se teme corte no fornecimento russo, admitindo avançar com a redução obrigatória da procura perante alerta.

O objetivo é que, entre 1 de agosto deste ano e 31 de março de 2023, os Estados-membros reduzam em 15% os seus consumos de gás natural (face à média histórica nesse período, considerando os anos de 2017 a 2021), de forma a aumentar o nível de armazenamento europeu e criar uma almofada de segurança para situações de emergência.

As tensões geopolíticas devido à guerra na Ucrânia têm afetado o mercado energético europeu, já que a UE importa 90% do gás que consome, sendo a Rússia responsável por cerca de 45% dessas importações, em níveis variáveis entre os Estados-membros.

O relatório do EDMO agora divulgado, com as principais tendências de desinformação sobre a guerra da Ucrânia entre 03 de junho e 21 de julho, inclui também alertas prévios sobre notícias falsas nos próximos tempos, havendo ainda avisos para 'fake news' relacionadas com as exportações de cereais da Ucrânia, que estão há meses retidas pelas tropas russas.

Dias depois de a Ucrânia e a Rússia terem assinado acordos separados com a Turquia e as Nações Unidas para desbloquear a exportação de cerca de 25 milhões de toneladas de cereais retidos nos portos do Mar Negro, e de Moscovo ter de seguida atacado o porto ucraniano de Odessa, este observatório europeu antevê que "podem surgir informações falsas sobre sabotagem ou obstáculos à exportação, à distribuição e aos lucros financeiros".

Ainda outro assunto a ser alvo de desinformação nos próximos tempos é, segundo o EDMO, a "extensão da zona de guerra dentro da Ucrânia", depois de o regime russo ter anunciado que pretende controlar áreas mais vastas para além da Ucrânia oriental.

Já os assuntos mais abordados entre 03 de junho e 21 de julho foram a "informação não fundamentada sobre operações militares" (30% das análises), a "representação desvirtuada de Zelensky [Presidente ucraniano] e dos ucranianos" (25% das análises), a "informação falsa sobre apoio estrangeiro à Ucrânia" (16% das análises), a "desinformação sobre refugiados ucranianos" (12% das análises) e ainda "interrogações sobre a guerra, desde a sua realidade aos seus motivos" (8% das análises), de acordo com o observatório.

Desde o início da guerra da Ucrânia, em fevereiro passado, o EDMO publica estes relatórios periódicos realizados com base na análise de verificadores de factos ('fact checkers') europeus, visando assim detetar e combater a informação falsa relacionada com o conflito.

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