Morreu Mohan Ranade, que liderou a libertação de Goa e que Portugal prendeu

Mohan Ranade, líder do movimento de libertação de Goa do regime colonial português na década de 1950, que chegou a estar preso durante 14 anos em Caxias, Lisboa, morreu na terça-feira.

Advogado de formação, Ranade nasceu em 1929 em Sangli, no oeste de Maharashtra, na Índia, tendo falecido na terça-feira num hospital de Pune, também naquele estado, noticia esta quarta-feira a imprensa indiana.

Inspirado por combatentes da liberdade como Vinayak Damodar Savarkar e pelo seu irmão Ganesh Damodar Savarkar, Rahane abraçou a causa da libertação de Goa do domínio colonial português.

Segundo a imprensa local, Ranade entrou naquele território disfarçado de professor, em 1950, e fundou o movimento independentista Azad Gomantak Dal, com o objetivo de provocar uma revolta armada contra o Governo português. Foi ferido durante um ataque à esquadra da polícia em Beti, na índia, tendo sido preso pela polícia portuguesa em 1955.

Mohan Rahane foi condenado inicialmente a 26 anos de prisão e enviado para a prisão do Forte de Caxias, onde foi mantido na solitária durante seis anos.

Após a independência de Goa, em 1961, Rahane não foi libertado pelo Governo português, apesar de vários pedidos nesse sentido.

A libertação só aconteceu em janeiro de 1969, após pressão do Papa Paulo VI sobre o Governo de Lisboa, depois de passar 14 anos preso em Caxias.

Depois de voltar para a Índia, Ranade escolheu viver em Pune. Dedicou-se a trabalho social e dirigiu uma organização voluntária para fornecer apoio educacional aos estudantes mais carenciados das comunidades tribais indianas.

Ranade tinha 90 anos, escreveu dois livros - "Struggle Unfinished" em inglês e "Satiche Vaan" em Marathi(língua indiana) - sobre as suas experiências durante o movimento de libertação de Goa.

Foi homenageado com o maior prémio civil do estado de Goa e em 2001 recebeu o 'Padma Shri', a quarta maior distinção civil concedida pelo Governo da índia.