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Ford Focus ST - Potente e discreto

06 mar, 2020 - 16:00 • José Carlos Silva

Quem o vê passar não imagina os 280 cv de potência, nem o bruto motor de 2.3 litros. Mas o som que emite é admirável, e ninguém duvida que há muito mais por baixo daquela pele de cordeiro.

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Tem 30 cavalos a mais que o seu antecessor. E merece um kit de unhas para se extrair tudo o que tem de bom para oferecer.

Exterior

Ninguém diria, de tão discreto que é, que esta é uma máquina de corridas. Até o spoiler traseiro mais parece um para-sol para o vidro traseiro. Só que complementado pelas duas generosas saídas de escape, acabam com boa parte das dúvidas.

Isto atrás. Porque à frente, o "lábio" saliente na parte inferior do pára-choques, e a sigla St a vermelho destacam-se.

Tal como as jantes para pneus de baixo perfil, com maxilas de travão a vermelho. No resto é muito semelhante aos irmãos menos potentes com que nos cruzamos habitualmente na estrada.

Interior

Ao abrir a porta, um pormenor muito interessante: A Ford inclui no Focus St, uma protecção retráctil para as portas. Quando se abre uma das portas dos passageiros, ou do condutor, surge uma protecção plástica que evita que a chapa da porta bata directamente com a chapa de outro carro que esteja estacionado ao lado. E nós bem sabemos, quantas vezes não chegamos ao carro, e lá está mais uma nicada de quem tem as mãos rotas, ou o corpo demasiado avantajado, ou não tem respeito nem pelo que é seu nem dos outros. Adiante. É um pormenor, mas só pela prosa, vale alguma coisa.

O segundo pormenor em que rapidamente se repara, são os bancos do condutor e do passageiro da Recaro. A marca há muito que produz bancos de alta qualidade, uma das opções para quem gosta de correr em 4 rodas. E a temática "racing" está assim bem representada neste Ford Focus St.

O maior lamento vai para a escolha de plásticos duros utilizados em vários pontos do interior do carro, e para o facto do travão ser eléctrico, o que acaba por limitar a diversão de quem gosta de ver a traseira do carro fugir um bocadinho.

O quadrante não é totalmente digital, mas é de fácil utilização e leitura. Já o ecrã digital colocado no centro do tablier é de boas dimensões e muito completo. A versão que testámos vinha com um sistema de som da Bang & Olufson, e acredito ser melhor do que os sistemas de som que a maioria tem instalado em casa.

Não é preciso puxar muito pelas colunas, até porque o Focus ST não apresenta ruídos parasita, e tem sobretudo uma sonoridade muito agradável que vem do escape que merece ser escutada. Mas já lá vamos.

Antes disso, referência ao espaço, que é sem tirar nem pôr semelhante ao dos irmãos menos potentes da gama Focus, permitindo a quem o tem, ter um carro para usar no dia-a-dia, e ao fim de semana um bichinho interessante para o track-day.

Motor

É daqueles motores que faz "pipocas". Escolhida a opção de condução desportiva, as desacelerações emitem raters tão agradáveis de ouvir dentro, como fora do carro. Desculpem-nos os defensores do silêncio, que neste caso, estamos do lado dos verdadeiros "petrolheads".

Já que falamos de modos de condução, devemos incluir os restantes: Um destinado a piso escorregadio, outro para condução normal, o acima citado modo desportivo, e por último, o modo pista.

Este último modo não é aconselhável a novatos, uma vez que desliga de forma automática o controlo de tracção. Se o usar na estrada, sabe que deve pesar muito bem o factor condução/emoção com o facto risco.

O motor é um 2.3 litros a gasolina, com 280 cavalos. Ou seja, mais 30 cv de potência que o modelo que o antecede.

Na aceleração, vai do zero aos cem em 5,7 segundos. A velocidade máxima é de 250 quilómetros por hora. Ou seja, a barreira imposta a muitos carros desportivos, de valor de vários milhares de euros acima.

O binário é de 420 Nm, ou seja um pouco abaixo do produzido pelo Toyota Land Cruiser de 120 mil euros que recentemente testámos.

A caixa manual de seis velocidades é simplesmente soberba. O selector das mudanças afigura-se mais curto que a generalidade. E o seu manuseamento para além de suave, conta com uma gestão inteligente da caixa, que ajusta as rotações do motor às mudanças de caixa. Não há queixas nem engasgos, permite pura e simplesmente ao condutor concentrar-se naquilo que está a fazer: A conduzir. Bem e depressa.

É também algo rijo, o que não é de admirar tendo em conta que o chassis está perto do alcatrão e tendo em conta que a suspensão é desportiva. Se não gosta, opte pela condução em modo normal, que se afigura mais confortável.

Quanto a nós, ficamos pelo modo desportivo. Isso paga-se com consumos de 10,4 litros aos cem, mas cada gota bem espremida vale pelo prazer de condução que proporciona.

O comportamento é são, um Ford Focus St muito equilibrado, mesmo em curva, e apesar de ser um carro de tracção dianteira. Para isto muito contribui um diferencial autoblocante electrónico.

Nas rectas, convém utilizar as duas mãos no volante, excepto nas passagens de caixa. É que colocar 280 cavalos no chão, puxados pelo trem dianteiro, num carro que é leve, pode resultar, no pico de uma aceleração, a alguma leveza nas rodas da frente. Mas senhores e senhoras, quem não gosta?!

Experiência

Nós gostámos. Contas feitas, ainda não pode ser considerado um Honda Type R (que é uma espécie de referência) mas também custa substancialmente menos. A versão ensaiada tem um valor de 42.768 Euros a que acrescem as habituais despesas.

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