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Sucesso da transição digital exige a participação das mulheres

12 mar, 2021 - 18:38 • Ana Carrilho

A minsitra Mariana Veira da Silva recordou que 60% dos diplomados já são mulheres, mas destas, mais de 40% continua a enveredar profissionalmente pelas áreas “tradicionais” da Educação, Saúde e Apoio Social.

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Mais de metade da população portuguesa é constituída por mulheres. Elas já são 60% dos diplomados, mas continuam a dominar nas áreas tradicionalmente femininas da Educação, Saúde e Apoio Social. A percentagem de raparigas que escolhe nas áreas das ciências, engenharias e TIC’s (Tecnologias de Informação e Comunicação) continua a ser muito baixa. E no entanto, estas são as áreas profissionalmente mais competitivas e melhor remuneradas.

Esta sexta-feira, a sub-comissão para a Igualdade e Não Discriminação, da Comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, organizou o debate sobre “A Economia Digital e as Mulheres”, no âmbito do ciclo de debates sobre o Impacto da Covid-19 e as Desigualdades”. A Ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva encerrou e deixou uma mensagem clara: as mulheres também têm de participar na Transição Digital. É uma questão de justiça, e de estratégia, para o desenvolvimento do país. E implica acabar com os estereótipos de género.

É preciso usar as boas referências, como a de Elvira Fortunato

As crises agudizam as desigualdades, também entre homens e mulheres; a pandémica não é diferente. Na intervenção que encerrou o seminário “A Economia Digital e as Mulheres”, a Ministra da Presidência fez questão de referir alguns exemplos.

“Quando olhamos para a presença permanente das mulheres na linha da frente na área da ciência, verificamos que há uma invisibilidade. É particularmente estranho que assim seja porque as mulheres já são uma maioria na investigação científica na área da saúde. E um lado visível desse impacto é que temos uma crise em que as mulheres estão na linha da frente como as mais afetadas neste combate e ao mesmo tempo, estão mais invisíveis nas lideranças, mesmo entre os cientistas que por vezes dão a cara por respostas”.

Para a ministra, é claro que a pandemia ainda acelerou mais o caminho da digitalização. E a falta de mulheres nesta área preocupa-a. “Houve um progresso extraordinário das qualificações nas últimas décadas – e ainda mais no caso das mulheres – mas a verdade é que o seu nível de participação nas áreas digitais continua a ser muito baixo”.

E lembrou que 60% dos diplomados já são mulheres, mas destas, mais de 40% continua a enveredar profissionalmente pelas áreas “tradicionais” da Educação, Saúde e Apoio Social. E apesar do número de licenciados nas TIC´s ter duplicado, a percentagem de mulheres baixou de 26 para 21%.

Para Mariana Vieira da Silva, há ainda uma questão de preconceito e de estereótipo em relação àquilo que devem ser as profissões de homens e mulheres. “As perceções que cada um constrói sobre aquilo em que é melhor ou mais eficaz são fortemente influenciadas pela família, pela escola (do pré-escolar ao ensino superior) e pelas

figuras de referência. Por isso, este é um bom dia para destacar a cientista Elvira Fortunato, que ontem recebeu o Prémio Pessoa”.

Transição Digital tem de ser feita com as mulheres

A Ministra garante que o combate às desigualdades é uma questão com que o governo está a lidar, a diversos níveis: com programas educativos, incentivos às empresas e também como Programa de Recuperação e Resiliência.

Uma das apostas fortes do Executivo é o programa “Engenheiras por um dia”, que trabalha com alunas do ensino básico e secundário, empresas e profissionais, com o objetivo de desconstruir preconceitos nas áreas das TIC´s. Desde 2017 já participaram mais de 6 mil jovens.

No âmbito do PRR há diversas políticas que têm como objetivo responder às desigualdades conjunturais, mas também, atuar sobre fatores estruturantes de desigualdade entre homens e mulheres, de forma a que elas tenham maior presença nas áreas competitivas das Tecnologias de Informação e Comunicação e maiores qualificações para responder à transformação do mercado de trabalho, referiu a ministra.

É uma questão com impacto a curto e a longo prazo. “Se não conseguirmos esta igualdade, por exemplo., no acesso às TIC’s, estaremos a criar desigualdades futuras nos salários e ainda mais futuras, nas pensões; desigualdade no acesso aos lugares de decisão e estaremos a perpetuar aquelas desigualdades estruturais que temos vindo a combater nos últimos anos. Por isso, esta fronteira digital não pode transformar-se numa fronteira desigual entre homens e mulheres. Todos temos de trabalhar para isso, concluiu Mariana Vieira da Silva.

Para a ministra, além de ser uma questão de justiça, é igualmente, de estratégia: “se queremos fazer uma transição digital que seja uma oportunidade de desenvolvimento para o país, teremos de a fazer com as mulheres. Nunca faremos uma transição excluindo mais de metade da nossa população”.

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