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Zona Euro: ​BCE revê crescimento em alta e aumenta compra de dívida

11 mar, 2021 - 17:41 • Sandra Afonso

A presidente do BCE critica os atrasos na "bazuca europeia", porque o dinheiro ainda não está a chegar aos países. “As medidas orçamentais ainda não chegaram ao terreno, mas é preciso que tal aconteça”, diz Lagarde.

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O Banco Central Europeu (BCE) atualizou esta, quinta-feira, as projeções para a zona euro. A instituição corrigiu as estimativas de crescimento em 2021 em uma décima, de 3,9% para 4%, também anunciou que vai aumentar a compra de dívida dos Estados.

No final da reunião do conselho de governadores, a presidente do BCE, Christine Lagarde, sublinhou que as expetativas do BCE mantêm-se. O PIB deverá crescer 4,1% no próximo ano e 2,1% em 2023.

Estes números comparam com as previsões de dezembro, altura em que o BCE previa um crescimento do PIB de 4,2% em 2022 e 2,1% em 2023. Entretanto, o Eurostat anunciou uma contração de 6,6% em 2020, abaixo dos 7,3% esperados pelo BCE.

A presidente do BCE admite ainda que a inflação pode chegar ou mesmo superar os 2%, em determinados meses, mas a preocupação do BCE é a trajetória a médio prazo, não a curto prazo.

As novas projeções reveem em alta a taxa de inflação, que deverá fixar-se nos 1,5% em 2021, 1,2% em 2022, 1,4% em 2023.

O BCE justifica o aumento pontual da inflação com questões “técnicas e temporárias”, como a normalização do IVA na Alemanha, o ajustamento do novo padrão de consumo a alterações provocadas pela pandemia, o adiamento de promoções no vestuário e o aumento dos preços do petróleo. No médio prazo, o desconfinamento pode pesar na procura, mas o BCE afasta pressões inflacionistas.

No mercado de trabalho, com o aumento do desemprego, é de esperar a descida do nível dos salários.

O mercado monetário também favorece a descida da inflação, com a valorização do euro face a outras moedas.

É preciso que a bazuca chegue rapidamente ao terreno

A presidente do BCE criticou ainda os atrasos nas ajudas na Europa, onde o dinheiro ainda não está a chegar aos países. “As medidas orçamentais ainda não chegaram ao terreno, mas é preciso que tal aconteça”, diz Lagarde.

Para já, a zona euro vai beneficiar com o pacote de estímulos de 1,9 biliões de dólares do novo Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, através do aumento da procura por produtos europeus. Mas este impacto não está incluído nas projeções hoje divulgadas, uma vez que o novo pacote foi aprovado já depois de concluídas as estimativas.

A presidente do BCE diz ainda que a autoridade monetária apoia a suspensão das regras orçamentais na Europa no próximo ano, proposta pela Comissão Europeia.

Lagarde espera que esta oportunidade seja aproveitada pelos países para simplificarem as regras orçamentais, para que se centrem na "produtividade e no investimento", sem esquecer a "disciplina orçamental".

BCE promete acelerar "significativamente" compra de ativos

No âmbito do Programa de Emergência Pandémica, o Banco Central Europeu prometeu hoje aumentar "significativamente" as compras de ativos, para travar a subida dos juros e da inflação a que se está a assistir.

Segundo o comunicado publicado esta quinta-feira, "com base numa avaliação conjunta das condições de financiamento e das perspetivas de inflação, o Conselho do BCE espera que as aquisições no âmbito do PEPP ao longo do próximo trimestre sejam conduzidas a um ritmo significativamente mais elevado do que nos primeiros meses deste ano".

O BCE não reforçou a verba orçamentada, o envelope total do Pandemic Emergency Purchase Programme (PEPP) mantém-se em 1.850 mil milhões de euros, mas assinalou o empenho da autoridade monetária em garantir que o mercado tem condições de financiamento.

As aquisições vão manter-se flexíveis e serão ajustadas, para "evitar um aumento da restritividade das condições de financiamento que seja incompatível com contrariar o impacto em sentido descendente da pandemia na trajetória projetada da inflação".

O horizonte temporal para as compras líquidas continua a ser março de 2022, ou até o BCE "considerar que o período de crise do coronavírus terminou".

Mantêm-se ainda todas as restantes medidas de política monetária.

  • O reinvestimento dos pagamentos de capital dos títulos adquiridos no âmbito do PEPP, que forem vencendo, irá durar "pelo menos, até ao final de 2023". A descontinuação desta medida será feita de modo "gradual" e por forma a "evitar interferências com a orientação de política monetária apropriada".
  • Aquisições líquidas ao abrigo do programa de compra de ativos (asset purchase programme – APP), são 20 mil milhões de euros por mês, enquanto for necessário. Medida só para "pouco antes de começar a aumentar as taxas de juro diretoras do BCE." Os títulos no âmbito deste programa que forem vencendo serão reinvestidos para lá do início da subida dos juros e enquanto for necessário.
  • As taxas de juro continuam inalteradas em 0% para as principais operações de refinanciamento, em 0,25% para a facilidade permanente de cedência de liquidez e em -0.5% na facilidade permanente de depósito. Estes níveis, ou ainda abaixo, deverão manter-se até as perspetivas de inflação convergirem "de forma robusta no sentido de um nível suficientemente próximo, mas abaixo, de 2% no seu horizonte de projeção e que essa convergência se tenha refletido consistentemente na dinâmica da inflação subjacente".
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