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Recorde histórico. Pela primeira vez, riqueza produzida no mundo não será suficiente para pagar dívidas

24 jun, 2020 - 17:32 • Sandra Afonso

Para combater a pandemia, a dívida dos países está a disparar. No total, segundo as contas do FMI, o endividamento mundial vai atingir o nível mais elevado de sempre e, pela primeira vez, ficará acima do PIB gerado num ano.

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Nas estimativas publicadas esta quarta-feira, o Fundo Monetário Internacional aponta para um cenário base com a dívida pública no máximo histórico de 101,5% do PIB este ano e um novo recorde de 103,5% do PIB em 2021. É um aumento de quase 20 pontos percentuais face a 2019 (82,8% do PIB) e bem acima do projetado pelo FMI em abril, que apontava para rácios abaixo de 100%.

Ainda segundo as contas do FMI, as medidas já anunciadas em todo o mundo rondam os 11 biliões de dólares, acima dos 8 biliões de dólares estimados em abril. Cerca de metade deste valor é despesa pública e receitas perdidas, ligadas aos orçamentos dos países, a outra metade são empréstimos, garantias e injeções de capital, que podem penalizar os contribuintes se as empresas não pagarem os apoios.

Défices chegam aos dois dígitos

Não é só a dívida que dispara, esta actualização do FMI agrava também as previsões para os défices, face à estimativa de abril. Agora a organização aponta para um défice orçamental global de 13,9% do PIB este ano e 8,2% em 2021, o que compara com os 4% do ano passado.

Nas economias avançadas o desequilibro das contas públicas deverá chegará a um valor médio de 16,5% do PIB este ano, 13 pontos percentuais acima do registado em 2019. Já a dívida pública chegará a um valor médio equivalente a 130% do PIB. Só os países do G-20 deverão gastar, em média, cerca de 6% do PIB no combate à pandemia.

Na Zona Euro a dívida pública deverá chegar a 105,1% do PIB este ano (84,1% em 2019), e o défice a 11,7% (0,6% em 2019). Nas maiores economias só a Alemanha manterá um rácio da dívida pública abaixo de 100% do PIB (77,2%). Em Espanha subirá para 123,8%, na França para 125,7% e em Itália vai disparar para 166,1%.

Os défices apresentados são todos de dois dígitos: Espanha com 13,9%, Itália com 12,7%, França com 13,6% e Alemanha com 10,7%.

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  • J M
    25 jun, 2020 15:46
    Quando a riqueza do planeta está na mão de 1% da população, em grande parte com a exploração do trabalho e das desigualdades impostas pelo capitalismo selvagem, não vem mal ao mundo, serem esses mesmos a suportar as dividas e a pagarem parte dos défices dos estados, para curarem e auxiliarem os restantes 99% atingidos pela crise pandemica. Não dizem que o mundo nunca mais será o mesmo.

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