Dos 109 anos do Theatro Circo, 54 são dela. Maria Esteves entrou pela primeira vez para trabalhar da sala de espetáculos bracarense aos 17 anos. Com 72 feitos há poucos dias, ainda por aqui anda. Apesar de reformada, continua a ser uma das caras da bilheteira e fá-lo “por gosto”.
“Fez 54 anos no dia 1 de dezembro. É uma vida, não é?”, diz a bracarense, confidenciandoa que foi ali que se apaixonou pela primeira vez: “É uma história muito bonita."
Maria entrou para o Theatro no último ano da década de 60. "Havia poucos espetáculos”, recorda. “Era uma vida de cinema."
Cinco anos depois, acontecia a revolução de abril e a “mudança foi muito grande”, recorda.
“Tivemos a liberdade de passar outro tipo de filmes. Era o máximo porque as pessoas vinham atrás das cenas mais picantes”, diz com um sorriso envergonhado.
“Tínhamos sempre a casa cheia. Ao domingo, pegava no dinheiro e colocava-o no caixote do lixo. A caixa registadora já não dava vazão”, conta.
Mas, o que mais marcou Maria Esteves foram mesmo os comícios políticos da época.
“Era tanta gente que até tinha medo de que o Theatro caísse. Mas todos entravam. Não havia diferença entre os partidos. Eram todos iguais”, garante.
A mais antiga sala de espetáculos de Braga continua a receber os políticos, o cinema e os artistas do teatro, da dança e da música e a encher-se de público para consolo de Maria.
“O que adoro é entrar na sala com o Theatro cheio. Consolo-me toda de ver aquela sala cheia porque ela é tão bonita, mas com público e com um espetáculo é maravilhosa”, remata.