Quando a Immunethep começou a desenhar a sua vacina contra a Covid-19, em maio de 2020, esta já estava a ser preparada para uma segunda geração de combate à pandemia e ao surgimento de novas variantes. Dois anos e meio depois, receberam a machadada final: o projeto candidato ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) foi chumbado e no final de dezembro foi confirmada a recusa da candidatura.
À Renascença, o CEO da biotecnológica de Cantanhede, Bruno Santos, defende que esta era uma “ótima oportunidade” e a “altura certa” para apostar na ciência em Portugal e que a SILBA, a vacina oral administrada como se fosse uma bomba de asma, era apenas um “projeto extra” com o simples propósito de colocar os conhecimentos dos dez funcionários da empresa “à disposição do país”.
“Nós fizemos os primeiros contactos [com o Governo] logo no início, quando começámos a fazer o desenvolvimento da vacina, e que foi reforçado em 2021, quando tivemos os primeiros resultados positivos - quer da eficácia, quer da segurança da vacina, que nos permitiria avançar para ensaios clínicos, ou seja, testes em humanos”, diz.
Em março de 2021, a Immunethep recebeu a visita da ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, que garantiu que o Governo estaria disponível para investir no projeto: “Parece-nos que o projeto tem condições para dar o passo seguinte", disse na altura.
“No entanto, e ao contrário do que aconteceu noutros países, não houve nenhuma intervenção direta ou investimento direto, nem que fosse sob a forma de compra antecipada. Fomos remetidos para as ferramentas tradicionais, como o Portugal 2020 e depois para o PRR, que são ferramentas que demoram imenso tempo a serem concluídas. Tal como se comprovou, demorou mais de um ano e meio a resposta final do PRR, para algo que era urgente”, queixa-se Bruno Santos.