“Se ficarmos no perímetro exterior do aeroporto, podemos pensar em fazer uma unidade hoteleira maior. Mas se ficarmos no perímetro interior, nem vale a pena avançar”, explica.
Muito mais cético que Nuno e José Monteiro de Matos, Joaquim Coimbra tem dificuldades em imaginar um aeródromo no lugar dos seus campos de trigo. “Não ligo a isso, nem acredito. Posso estar a falhar, mas não acredito. Já começaram na Ota. Já começaram lá em baixo e agora vêm para aqui”, lembra o homem de 80 anos à Renascença, numa conversa à beira de um dos seus estaleiros.
Joaquim é dono da grande Quinta do Pinheiro, que tem 250 hectares. Com um sorriso jovial, o homem de boina diz que a possibilidade de ter de dividir as suas terras não o assombra, pois não tem família. “Se uma pessoa tivesse família… É sempre ruim, porque muda a dimensão da propriedade, os cortes isto tudo.”
O agricultor garante que, apesar de descrente no projeto, também não será entrave ao projeto. “Se eles me ficarem com a terra, que ma paguem bem. Fico descansado. Não sou indivíduo que ponha obstáculos a projetos. Agora se me disser se acredito [no aeroporto], não acredito”, diz.
Sem ser Joaquim, há apenas um latifundiário na zona que poderá ser mais impactado pela construção do aeroporto: João Cardoso, proprietário da empresa de transportes Tracopol. O também dono da Quinta Dom Rodrigo e da Quinta Carvalhal, entre outras propriedades, tem cerca de 350 hectares – a maioria dos quais no centro da área selecionada à partida para o aeroporto.
À Renascença, numa curta conversa telefónica, João diz que “os boatos são muitos, mas nunca ninguém falou comigo. Só tive conhecimento [do projeto] pela televisão e pelas filmagens que andaram a fazer”.
A construção causará “transtorno”, dado que ainda recentemente plantou cerca de 90 hectares de vinha. Ainda assim, não fecha a porta a futuros negócios.