26 jan, 2024 - 20:49 • Maria João Costa
Completa 89 anos, dentro de dias, em fevereiro. Eduardo Gageiro continua a andar sempre de máquina fotográfica consigo. Hoje, porque admite que a idade já atrapalha, não anda com uma grande objetiva ao pescoço. Prefere trazer no bolso uma pequena máquina, mas não deixa de fotografar, embora diga que está “no fim do prazo de validade”.
Do seu arquivo, composto por “mais de um milhão” de negativos, saíram cerca de 160 fotografias que fazem agora a exposição “Factum: Eduardo Gageiro” inaugurada sexta-feira e que abre sábado ao público, com entrada gratuita no Torreão Nascente da Cordoaria Nacional, em Lisboa.
Em entrevista ao programa Ensaio Geral, da Renascença, o fotógrafo diz que a exposição mostra a sua vida. São 70 anos a fotografar Portugal, desde retratos da sua gente, de grandes acontecimentos como o 25 de Abril de 1974, até aos dias de hoje.
Questionado sobre a atual situação nos média, Eduardo Gageiro considera-a “infame”. Já sobre os 50 anos da Revolução dos Cravos que fotografou, lamenta não ter o país com que sonhou. Desabafos de quem espera que Ramalho Eanes, o Presidente de quem foi fotógrafo, não fique “zangado” quando vir na exposição uma fotografia inédita do chefe de Estado, em calções, a fazer windsurf na Arrábida.
Ver esta exposição é percorrer parte da História deste país e parte da sua história pessoal. O que representa a exposição "Factum" para si, aos 88 anos?
Isto é a minha vida. Diz-se agora fotojornalista, antigamente dizia-se fotógrafo de imprensa. É a minha vida! São 70 anos, porque fui em 1957 para os jornais, mas comecei a fazer fotografias em 1950.
Que idade é que tinha quando saiu a sua primeira fotografia publicada?
Tinha 15 ou 14 anos. O Diário de Notícias tinha uma secção que era "As primeiras fotografias dos nossos leitores" e eu mandei uma fotografia feita próximo de Arruda dos Vinhos, onde ia passar férias, era uma fotografia feita quando eu tinha 12 anos. Essa foi a primeira fotografia publicada, mas só foi publicada três anos depois.
Foi aí que nasceu tudo?
Sim, nasceu a essa paixão pela fotografia. Quando acabei a quarta classe, eu disse ao meu pai que queria ir para o liceu. Ele disse-me: “Não vais nada para o liceu! Vais para a Fábrica de Loiça de Sacavém!”. Eu morava em frente à fábrica. “Vais para a fábrica, porque aí é que está o teu futuro! Depois de saíres da fábrica vens para aqui para a loja aviar”.
O meu pai tinha uma Casa de Pasto, onde iam almoçar os operários da fábrica. Deixavam a marmita lá de manhã para minha mãe aquecer, e vinha normalmente só com sopa. E ainda andavam descalços nessa altura. Então, a minha mãe aquecia a sopa, eles iam lá almoçar.
Então lá fui eu para a fábrica de loiça com 12 anos, muito triste! A primeira coisa que me mandaram fazer foi andar de secção em secção a distribuir recados e papéis, porque não havia computadores, não havia nada! Estava triste, queria ir para o liceu, mas o meu pai não quis.
Passado pouco tempo, comecei a achar que não era assim tão mau. Comecei a dar-me com os grandes artistas, pintores e escultores. Falava muito com eles. Desde miúdo, sempre tive o espírito de perguntar, não tinha medo.
Foi aí que foi surgindo a sua inquietação?
Exatamente! Tinha uma máquina pequenina, a tal máquina com que eu fiz a primeira fotografia e ia fotografando quando ia às secções. E eles achavam piada. Especialmente um, chamado Armando Mesquita, que era escultor, que me disse assim: "Ouve lá, andas sempre com uma máquina fotográfica. Tens que me mostrar as suas fotografias!" Então mostrei-lhe.
Noutro dia, ele disse: "Olha, tu tens olho, mas não percebes nada disto! Porque tens de ter aulas de arte e composição, de forma que vais ao meu atelier lá em Sacavém e vais ter aulas". Assim foi! A primeira coisa que ele me fez foi fazer um retângulo, cheio de quadradinhos e dize-me: "Isto, é a regra de ouro. O motivo principal tem de estar do lado direito porque a vista foge sempre para o lado direito, e depois arranjas elementos de composição para equilibrar.
Andei lá um ano ou dois e, como a máquina não prestava, ele disse-me para dizer ao meu pai para comprar uma máquina. O meu pai disse-me: "não compras máquina nenhuma, tens é de ser empregado escritório!" Mas descobri uma pessoa que era minha amiga que tinha uma máquina muito boa. Eu disse: "Oh, senhor José Carvalho não se importa me emprestar?" E ele confiou em mim.
Era um miúdo e comecei aí com 14 anos a fazer fotografias com máquinas do José Carvalho e mostrei ao Mesquita. Então comecei a fazer fotografias cada vez com mais qualidade. Fui aprendendo e, lembro-me que houve um concurso dos empregados de escritório do Distrito de Lisboa e concorri.
Com que fotografia?
Concorri com a fotografia do Armando Mesquita, tirada com a máquina do José Carvalho. E outra de uma prima minha, de uns tios que estavam em África e que vinham cá todos os anos. Levavam-me a passear com ele todos os fins-de-semana. Tirei a fotografia no Convento de Cristo, em Tomar. Era a minha prima a rezar com um raio de luz. É até uma fotografia um bocado pirosa!
Mandei quatro fotografias e não é que ganho logo dois primeiros prémios e dois segundos? Eu fiquei deslumbrado!
Essas fotografias de família acabam por dar origem a tudo isto que aqui temos. Estes retratos são uma espécie de enorme família que foi depois fotografando ao longo da sua vida. Quantas fotografias têm aqui nesta exposição?
Aqui devem ser 160 fotografias, mas ao mesmo tempo eu fiz um livro com mais 100 fotografias. Contam a minha história toda desde 1950 a 2023. É um bocado da História de Portugal. São 70 anos desde o antigamente, começa com crianças com problemas e vai continuando com o Portugal dessa época, depois mostra as inundações de 1967, o 25 de Abril de 1974.
Depois as coisas mudam, as pessoas vestem de maneira diferente. Comecei a fazer a Reforma Agrária, comecei a fazer mais fotografias do Alentejo. Tenho fotografias de Portugal inteiro, desde o Sul ao Norte.
Tem aqui também muitos retratos. Foi na sua carreira, também fotógrafo do Presidente da República Ramalho Eanes. Tem aqui muitos rostos da cultura e da política portuguesa. Que retratos são esses.
Isso é um capítulo que acho que tem muito interesse, porque eu queria fazer os retratos descobrindo o que cada um gostava de fazer, ou que gostava de ter sido. Eu propunha-lhes fazer esse papel.
Quer dar um exemplo?
Lembro-me, por exemplo, o Jorge Sampaio, uma pessoa excelente, uma grande pessoa de quem tenho muitas saudades. Sabia muito de música clássica. Havia quem dissesse que ele gostava de ter sido maestro, e então convenci-o a fazer esta fotografia, feita em casa dele, com um fundo preto, propositadamente. Pôs um CD de música clássica, arranjei-lhe uma batuta para ele simular está a dirigir a orquestra. As pessoas vão ver que é uma imagem que ninguém conhece!
Esse é o segredo do olhar do fotógrafo? É tirar do retratado a sua essência?
O outro lado da pessoa, o desconhecido, o segredo que ele tem.
Tem na exposição uma fotografia que é a primeira vez que mostra que revela o outro lado do General Ramalho Eanes.
Eu fui fotógrafo do General Ramalho Eanes. Convidaram-me e adorei conhecê-lo melhor. Viajei imenso durante esse período, ele apresentava os presidentes. Eu lembro-me, por exemplo, em Washington estava a fazer fotografias no jardim da Casa Branca e ele chamou-me quando estava com Ronald Reagan e disse-lhe: "Presidente da Reagan, o Eduardo Gageiro é fotógrafo da Presidência, é meu amigo e já ganhou uma medalha de ouro em Washington!". Então o Reagan chamou-me para tirar uma fotografia entre os dois.
Isso é a prova, realmente, da pessoa que o Ramalho Eanes é. De forma que eu tenho aí uma fotografia inédita dele, e acho que ele não vai ficar zangado. As pessoas pensam que ele é um carrancudo. Ele é a pessoa mais divertida do mundo!
Uma vez chamei-lhe a atenção e disse: "Ó senhor Presidente, vai desculpar. As pessoas não o conhecem e dizem que o senhor tem sempre ar um bocado maldisposto. Diz-me ele assim: "Gajeiro acha que quando estou a falar de coisas sérias, iria estar a rir-me?" E é verdade!
Então para conhecer quem ele é, afinal, tenho uma fotografia que as pessoas julgo que vão ficar surpreendidas. Foi numa altura em que ele estava de férias na Arrábida. Tenho a fotografia dele a praticar windsurf! É inédito.
É a outra face das pessoas. Foi o que eu procurei captar com essas imagens, e tenho o Orson Welles, o Rudolf Nureyev. Espero que as pessoas gostem! É o melhor que eu pude fazer.
Todo este espólio parte do seu arquivo. Quantas fotografias tem arquivadas?
Tenho a impressão que tenho mais de um milhão! Tenho milhares e milhares de negativos!
Agora para fazer este livro, que há cinco anos ia chamar-se "O Realismo Português", eu simplesmente não conseguia dar a volta ao texto, porque era muito confuso, então fui mudando, e depois há dois anos comecei a pensar que tinha arranjado a fórmula.
O Cardoso Pires é que me ensinou. Um livro tem que ser como um filme. Tem de contar histórias e tem que começar em força. Tem uma técnica. Eu também sou muito influenciado pelo cinema, eu vi todos os filmes neorrealistas italianos e mexicanos, de forma que isso influenciou muito.
Em Sacavém, ao pé da minha casa, havia os Bombeiros Voluntários e à noite, na esplanada, havia cinema. E eu ia a todas! Além dos operários da fábrica que me deram, digamos, uma visão da vida difícil, o cinema também me influenciou.
Esta exposição assinala os 50 anos do 25 de Abril de 1974. Que balanço faz?
Evidentemente fiquei felicíssimo como todos, e comecei a pensar que íamos ter um Portugal diferente. E é diferente, mas não é tão bom como eu gostaria que fosse.
Eu acho que tem de haver política, mas há muitos aproveitamentos políticos e muito aproveitamento das pessoas com muito dinheiro. Eu lembro-me, por exemplo, fui também fotógrafo da Assembleia da República, depois de ter sido fotógrafo do Eanes. Uma coisa que constatei, e deve acontecer ainda agora, é que durante a semana havia um corrupio de pessoas influentes e das câmaras para ter reuniões com os grupos. Isso aí, eu comecei a desconfiar, percebe?!
Isto é um jogo de influências incrível na política! Aliás, provou-se. Estamos em 2024 e veja, o jogo de influências que há. Pessoas que não eram ninguém que são muito ricas.
Continuo a dizer, não estou ligado a nenhum partido, mas acho que tem de haver um equilíbrio maior.
Estamos este ano a celebrar os 50 anos do 25 de Abril. Que tipo de revolução precisaríamos hoje?
Sinceramente, é-me difícil responder a essa pergunta. Nunca pensei nisso. A palavra revoltar-se é forte, mas sobre este estado de coisas não é justo o jogo de influências, as fortunas feitas em poucos anos. As pessoas que, por exemplo, são apanhadas, depois arranjam grandes advogados - e eu respeito os advogados e não vou usar a palavra que está na minha cabeça, porque há advogados e advogados - mas conseguem prescrever os processos.
Nunca são julgados, nunca são condenados. E o que diz uma pessoa que trabalhou toda a vida, que não tem nada, que tem dificuldades, o que pensa de um país assim?
O Eduardo Gageiro continua a fotografar, continua a pegar na sua máquina todos os dias?
Sempre, sempre. Tenho aqui uma máquina no bolso, embora seja diferente, porque a outra é pesada e já não posso muito, porque 88 anos. Estou no fim do prazo da validade, mas simplesmente sempre a fotografar.
Mas um fotógrafo não tem prazo de validade.
Sim, é verdade. Eu não tenho prazo de validade, simplesmente não posso, custa-me andar. Ando com esta máquina pequenina no bolso, porque a última máquina que eu tinha, ali no Martim Moniz, de dia, tentaram roubar-me e eu já não posso correr, não é? E então com esta, cabe no bolso, e é mais fácil!
Como é que vê a situação dos seus colegas fotógrafos hoje na imprensa portuguesa, com a crise que se está a viver nos média?
É infame, o que estão a fazer. Mais uma vez vem ao de cima essa história de não saber quem que está por detrás. Eu conheço a pessoa que agora está à frente dessas coisas, mas não vou comentar porque a minha opinião não é muito favorável. Eu fui colega dessa pessoa.
Quando a imprensa funciona assim, com segredos de quem são os acionistas, sabe, a imprensa serviu muito para grandes capitalistas fazerem negócios, e a imprensa não é para isso! Há dois jornais, um semanário e outro diário que são exemplo concreto do jornalismo a sério. O jornalismo tem esses espelhos e devem olhar para esses espelhos.
E como é que vê o trabalho dos fotojornalistas portugueses mais novos?
Excelente! Foram premiados em concursos internacionais, na World Press Photo. Não tem nada a ver com os fotojornalistas do antigamente, que era uma máfia. Eu quando fui para os jornais, estava lá sentado no primeiro dia com a minha máquina na redação, em 1957 no Diário Ilustrado e estava feliz.
Aparece um tipo fotógrafo que me diz assim, quem és tu? Com um ar muito agressivo. Eu fiquei assustado. Eu sou fulano tal. "O que é que vens para cá fazer?" Eu venho fazer fotografias. "Quem mando sou eu!". Chamava-se João Ribeiro. "Eu é que mando os fotógrafos, não é chefe de redação, tu vais para o laboratório revelar as minhas fotografias". E fui, triste e infeliz.
Eram só fotografias do Tenreiro e Américo Tomás. Repugnante. Estava infelicíssimo e quem me apoiou, foram os linotipistas, os gráficos. Tem calma, isto é uma máfia, sabes? Tens de ter paciência. Ao fim do ano eu queria vir-me embora.
Tive uma sorte porque que havia um suplemento de literário no Diário Ilustrado. E então telefonaram-me para o laboratório para ir à redação e levar a máquina. Lá fui. No suplemento literário, os colaboradores eram todos professores universitários, poetas e escritores do melhor. E então tive que ir fazer umas fotografias ao Mário Dionísio.
Ouço a entrevista. Eles estavam sentados, ele fazia gesto, eu ouvi, fiz duas fotografias, mas depois ao fim, fiz-lhe uma proposta. Senhor doutor, faça uma fotografia aqui, outra fotografia ali, ele fumava cachimbo, e agora fume cachimbo. O fumo é muito fotogénico.
Fiz uma série de fotografias, fui para o laboratório, revelei, mandei para a redação. No outro dia, fui chamado à redação com urgência porque o diretor queria falar contigo. Fiquei em pânico! E então ainda agora fico comovido.
Ele, com um ar muito sorridente, olha para mim e diz-me assim: "Tu tens olho. Tu fotografas de maneira diferente! A partir de agora tu é que vais ser o fotógrafo do suplemento literário". E então assim comecei a fazer fotografias a todos os grandes intelectuais.
Davam-me livros. Eu nunca fui tímido e fazia perguntas depois de acabar a entrevista e de fazer as fotografias, como achava que queria. E então eles começaram a gostar de mim. Lia muito. Fui ganhando muita cultura.
Se lhe tirássemos uma fotografia a si, em que situação de retrato se colocaria?
Com a máquina fotográfica apenas. A máquina, no fundo, é minha autodefesa. Eu nunca tive medo, parece que a máquina me protegia. Eu vejo-me com uma máquina à frente, mas eu gostava de falar dos jovens fotógrafos.
Sim, tinha-lhe perguntado pela situação dos jovens fotógrafos.
Os jovens fotógrafos ganham prémios internacionais e nunca foram reconhecidos até pelos próprios colegas. Não há entrevistas de jovens fotógrafos que ganharam prémios. Já tenho perguntado porquê aos redatores.
Eles é que prestigiam a fotografia portuguesa internacionalmente. Entrevistam sempre os mesmos, e tipos que não fizeram nada. Ninguém sabe que eles existem a nível mundial. Mostrem a juventude dos fotógrafos de imprensa! São fantásticos. Não têm trabalho! Porquê? Quando ganham alguma coisa, ligo-lhes e eles ficam encantados da vida e alguns nem conheço pessoalmente.
Gosta de passar o testemunho aos mais novos?
Acho que é justo, desde que as pessoas tenham talento, que sejam incentivadas. Deviam ser entrevistadas. Porque é que não são?
Tem ali uma fotografia de um sem-abrigo. Há fotografias que são dos anos 60 e que parecem que poderiam ser feitas hoje, acha isso assustador? É preciso por o país a olhar para si próprio?
São imagens desde os anos 1950 até 2023. Eu quis contar uma história. Acho que sim, o país precisa de confrontar-se com este passado e pensar neste presente. Pensar no que está a acontecer. Porquê?!
Há pessoas a falar que me repugnam. Há aí um partido que não interessa, sabe qual é que é? É repugnante. Como é que as pessoas podem falar assim? Faz-me lembrar o tempo do Hitler, quer dizer fascismo autêntico. E as pessoas não sabem quem é que está por trás daquela personagem.
Não deixou de colocar nesta exposição uma fotografia de Salazar. É uma imagem muito simbólica, de um homem só.
É simbólica para mostrar, precisamente, o Portugal do antigamente e Portugal atual. Isto é uma história que é contada. É o Portugal de 70 anos, que realmente, passado este tempo todo, sigo com mágoa, sinto que os portugueses não são felizes. Podiam ser mais felizes!
Se pudesse tirar um retrato ao Portugal de 2024, uma fotografia que mostrasse esse país, para onde é que apontava a câmara?
É muito difícil. Às dificuldades das pessoas, outra vez. Essas pessoas que lutaram também por um Portugal melhor e agora não têm casa, porque o senhorio quer pô-los na rua. Ou porque aparece um estrangeiro qualquer que compra um prédio, como as pessoas não saem, manda deitar fogo ao prédio. Tudo isso. A falta de pudor.
Não quero pôr as coisas entre capitalismo e fascismo. Nada disso. Mas acho que as pessoas que têm dinheiro têm de ter dignidade também. Têm todo o direito de ter dinheiro, mas tenham mais vergonha. Vejo coisas que jamais imaginei existirem em 2024.
Qual é a fotografia desta exposição que escolheria como símbolo?
É muito difícil. As mais simbólicas para mim é aquela fotografia do Salgueiro Maia a morder o lábio e a do soldado a tirar o retrato de Salazar. É difícil...porque, sabe, é como uma pessoa que tem mais que um filho. Isto é uma frase feita, mas é verdade.
As fotografias que tenho aqui têm sempre uma história por detrás que eu vivi e senti e ainda agora sinto, quando olho para elas.
Eu gosto muito de pessoas e aqui está a reflexão disso. É o melhor que eu posso fazer.