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Sem a tiara, mas com outras joias. Exposição de D. Maria II abre no Palácio da Ajuda

26 mai, 2021 - 07:32 • Maria João Costa

O Palácio Nacional da Ajuda recebe até 29 de setembro a exposição «D. Maria II. De princesa brasileira a rainha de Portugal. 1819-1853». A mostra marca o bicentenário da monarca feita rainha aos 15 anos.

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Abre esta quarta-feira a exposição «D. Maria II. De princesa brasileira a rainha de Portugal. 1819-1853» organizada pelo Museu da Presidência da República e pelo Palácio Nacional da Ajuda. Na Galeria do Rei D. Luís, na Ajuda, é mostrada a vida e obra da rainha coroada aos 15 anos.

A mostra biográfica assinala o bicentenário do nascimento de D.Maria II, no Rio de Janeiro, assinalado em 2019. A abertura chegou a estar prevista para esse ano, mas acabou por ter de ser adiada.

Em entrevista ao Ensaio Geral da Renascença, o comissário científico desta exposição, o historiador José Miguel Sardica, explica que “a ideia era ter a exposição pronta em 2019, mas o volume de instituições a contatar, as peças que precisavam de restauro e no último ano e meio com esta situação de incerteza pandémica acabou por arrastar a exposição”.

Chegou a pensar-se abrir a exposição em dezembro de 2020, mas devido ao agravar da situação pandémica e do novo confinamento, a exposição acabou por ser adiada para agora e ficará patente até 29 de setembro.

Com peças vindas de diferentes proveniências, desde museus nacionais, a autarquias, passando por colecionadores privados, ou pelo Governo Regional dos Açores, a exposição traça um percurso de vida de D.Maria II.

A ideia da exposição é “evocar D. Maria II como uma Rainha em Portugal, num período que foi fundador a vários níveis”, explica José Miguel Sardica. O Comissário da mostra descreve o contexto histórico da exposição e fala da “passagem do antigo regime para um século liberal” e da evocação da “década entre a Revolução Liberal e a chamada Regeneração em 1851”.

“Evocar onde é que a longa história do Estado Liberal que hoje marca a nossa vida democrática” começou, indica Sardica sobre este tempo espelhado na exposição sobre a última mulher monarca a liderar Portugal.

A origem da cultura liberal “não é de há 50 anos, ou sequer há 100”, sublinha José Miguel Sardica, que lembra que esse momento fundador remonta “aquelas datas iniciais do século XIX”.

Rainha aos 15 anos, mãe de 11 filhos. Quem foi D.Maria II?

“D.Maria tem sangue real do mais puro”. É desta forma que o historiador José Miguel Sardica traça o perfil da regente. “Ela é Bragança pelo lado do pai, é Habsburgo pelo lado da mãe, ela é Bourbon pelo lado da avó, portanto está parentada com as melhores casas reais”, explica o comissário da exposição.

Depois de uma guerra civil sangrenta, tornou-se Rainha aos 15 anos, transformando-se na “mais jovem monarca da Casa Real em Portugal da contemporaneidade”, indica Sardica. “É D.Maria II, vinda de uma família de antigo regime, que vai lançar Portugal numa nova fase da sua História que é a fase da contemporaneidade liberal”, considera o comissário da exposição.

Casada três vezes, D. Maria II só teve filhos no terceiro casamento com D.Fernando von Sachsen-Coburg-Gota, artista exímio que mereceu o cognome de “Rei Artista”. Na exposição é mostrado este lado familiar, sobre o casamento com D.Fernando, a família real e os filhos. Mostrados são, por exemplo, diz Sardica, “os esboços do Rei D.Fernando sobre os filhos. Ele pintava os filhos. Temos cartas dos infantes para a sua mãe, a Rainha”.

Além de objetos que rodearam o dia-a-dia da vida da família real, a exposição revela também “no cofre forte, as joias mais valiosas do ponto de vista intrínseco, mas também do ponto de vista histórico”, refere Sardica.

Entre as peças expostas, o comissário destaca uma oferta do Vaticano à Casa Real portuguesa. “É uma peça única, a Rosa de Ouro oferecida pelo Papa à Rainha, em 1842. Simboliza a reconciliação e o reatamento de relações entre os dois Estados depois da guerra civil e do chamado Cisma”, explica o historiador, que lembra que há muito que esta peça não é exposta.

De fora da exposição que termina numa reconstituição dos aposentos da rainha no Palácio das Necessidades, ficou a tiara que pertenceu à regente e que foi recentemente a leilão, na Sotheby’s em Londres. “Tenho pena que o Estado em Portugal não tenha podido acompanhar a oferta de licitação do comprador anónimo que a arrematou”, aponta José Miguel Sardica.

O comissário da exposição sobre D.Maria II lembra que há um quadro na entrada da exposição que mostra a rainha com a tiara colocada e conclui: “Tenho esperança de que o Palácio Nacional da Ajuda, ou até por meios oficiais e governamentais, seja possível contatar o comprador dessa peça, e se calhar obter dele um empréstimo para que a peça possa ser exibida cá em Portugal.”

A exposição «D. Maria II. De princesa brasileira a rainha de Portugal. 1819-1853» vai estar patente até 29 de setembro, na Galeria do Rei D. Luís, no Palácio Nacional da Ajuda. É visitável das 10h00 às 18h00, todos os dias, exceto à quinta-feira. A partir de julho, o encerramento semanal passa a ser à quarta-feira. A entrada custa 5€, ou 8€ se incluir a visita também ao Palácio da Ajuda.

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