Siga-nos no Whatsapp

Musicoterapia. Conheça a terapêutica que põe música ao serviço do bem-estar e "resgata sorrisos"

04 jul, 2024 - 07:15 • Redação

Desconhecida do grande público, a musicoterapia ganha cada vez mais adeptos. Saiba em que consiste esta terapêutica, para quem é indicada e os seus benefícios.

A+ / A-

O relógio marcava as 10h00 da manhã quando começava mais uma sessão de musicoterapia na Associação do Porto de Paralisia Cerebral (APPC). As técnicas acompanham os alunos ao interior da sala, onde já está a musicoterapeuta Ana Matos com os instrumentos prontos para começar a música.

Os alunos são pessoas com necessidades especiais de várias ordens. O objetivo é, por isso, "o bem-estar dos utentes", conta a terapeuta.

Durante a sessão visitada pela Renascença o foco foi a promoção das capacidades motoras. Através do tocar de um tambor, o agitar de uma pandeireta ou de uma maraca promovem-se "pequenos gestos" que fazem "uma diferença enorme".

"Durante o tempo que estamos aqui conseguirmos resgatar sorrisos, um movimento mais específico da mão, sinais que nos mostram que conseguimos alguma motivação", completa.

Para conseguir alcançar os resultados esperados, a interação entre o musicoterapeuta e os utentes é essencial. "Eles [os utentes] estão a participar. Portanto, sou eu que estou a tocar a maraca, sou eu que estou a cantar, sou eu que estou a acompanhar, sou eu que faço parte desta orquestra. Torna-nos atores e responsáveis. E esta questão a nível da autoestima também é muito importante", defende Ana Matos.

Esta interação também contribui para o desenvolvimento cognitivo destas pessoas. Pela identificação de canções através das suas melodias, da associação de sons do mar e da trovoada ou mesmo do incentivo à seleção nacional (uma vez que visitamos a associação em dia de jogo), os participantes estão num constante processamento de informação.


O que é a musicoterapia?

Ainda desconhecida do grande público, a musicoterapia é muitas vezes "confundida com a educação musical".

"Costumam dizer: ah, vão ali fazer uma musiquinha, vão ouvir uma musiquinha... A musicoterapia é muito mais complexa que isso", sublinha Ana Matos.

Um musicoterapeuta tem que ter formação específica na área da musicoterapia e conhecimentos a nível musical. Para além das capacidades motoras e cognitivas, esta terapêutica pode também ajudar a nível emocional.

Ainda que seja especialmente focada no apoio a pessoas com necessidades especiais, Ana Matos diz que "todos podemos usufruir, independentemente de existir um diagnóstico ou não".

"Eu posso recorrer à musicoterapia no sentido de trabalhar a ansiedade, de a perceber e de me sentir melhor", exemplifica.

Mitos que têm vindo a ser desfeitos com o passar do tempo. Musicoterapeuta há 14 anos, a responsável pelo projeto "Lá para si" considera que "ainda existe um caminho a percorrer". A profissão de musicoterapeuta ainda não é reconhecida pela Direção Geral do Emprego e das Relações do Trabalho (DGERT), mas já começa a ser olhada com atenção pela Medicina.

"A comunidade médica e científica também já está envolvida e reconhece a importância. E, nesse sentido, tenho agora casos que são encaminhados por médicos", conta a especialista.

Um caminho que vai continuar a ser trilhado todos os dias, com novas conquistas, novas músicas e um único objetivo: o bem estar dos utentes.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+