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Fotorreportagem: Rio Maior volta a confinar. Entre a situação "insuportável" e o “bem maior”

19 abr, 2021 - 16:38 • Sofia Freitas Moreira

Rio Maior é um dos quatro concelhos que, esta segunda-feira, recuam no plano de desconfinamento. A decisão do Governo tem provocado reações divergentes entre os cerca de 20 mil habitantes. Alguns donos de restaurantes e cafés consideram-na “injusta” ou até “insuportável” do ponto de vista do negócio, mas, por outro lado, de uma perspetiva social e de conter a propagação do vírus, há quem considere o esforço “um mal” que tem de ser suportado “por um bem maior”.

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Com uma população de 20.360 habitantes, o concelho de Rio Maior, no distrito de Santarém, encontra-se na lista dos municípios de maior risco de transmissão da Covid-19.

Com 309 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias, o concelho foi obrigado a regressar, esta segunda-feira, às medidas mais restritivas que vigoraram na primeira fase do desconfinamento.

Para além do encerramento dos ginásios, museus, galerias de arte e espaços semelhantes, os donos de cafés, pastelarias e restaurantes de Rio Maior voltaram a arrumar as esplanadas, enquanto que nos restantes pontos do país onde o plano de desconfinamento avança, os estabelecimentos puderam voltar a abrir o serviço de mesa no interior.

“Nós achamos injusto”, conta à Renascença Filomena Santos, dona da Pastelaria Avenida, que também tem serviço de restauração.

“Nunca pensamos que fossemos voltar para trás, mas que ficássemos na mesma, talvez, com a esplanada aberta.”

Apesar da pouca esperança em Rio Maior avançar para a próxima fase do plano de desconfinamento, Filomena manteve alguma confiança e começou a preparar a pastelaria para a reabertura do espaço interior.

“Foi um ano em que trabalhamos praticamente seis meses e as despesas são quase as mesmas e é difícil aguentarmo-nos”, desabafa.

Ainda no centro da cidade, um pouco mais abaixo da principal avenida do concelho, o restaurante “Pancinhas” continua a apostar no serviço de "take away" para conseguir manter as portas abertas.

Joana Frazão, empregada de mesa, explica que, por falta de espaço, o restaurante não chegou a abrir a esplanada.

“O take away é melhor do que nada. Há dias melhores, outros dias piores, mas nunca é a 100% como numa casa aberta”, conta. “Nós não chegamos a fazer esplanada para não provocar aglomerado de pessoas, mas, sinceramente, também é um bocado cansativo este trabalho do take away, porque as pessoas vêm àquela hora, é sempre muita correria. Mas neste momento é o que há".

A empregada de mesa sublinha ainda que o estabelecimento quer reabrir com calma. “A ansiedade de as pessoas voltarem a unir-se, a almoçarem todas juntas, estava-nos a assustar um bocadinho”, admite.

"Acho que, há 15 dias, nunca devíamos ter aberto se éramos um dos concelhos que estavam em risco vermelho. As pessoas acabaram por se deixar levar no entusiasmo e isso acabou por nos afetar”. Com pouca esperança num futuro semelhante ao passado pré-pandémico, Joana acredita que, “provavelmente, nunca vamos voltar ao normal, como era antes”. A funcionária defende, por isso, que o país deve “arranjar uma forma de vida em que ninguém sai prejudicado”.

No agravamento da situação em Rio Maior esteve um surto detetado numa panificadora, com cerca de 40 casos, a que se juntou, há cerca de duas semanas, um pequeno surto de sete casos numa creche.

Para controlar a subida de infeções por Covid-19, o centro de saúde de Rio Maior decidiu abrir uma unidade dedicada ao tratamento destes doentes. No entanto, segundo o que a Renascença apurou, a área acabou por ser encerrada no final de março, pelo baixo número de pacientes que chegava à unidade.

Subindo, a partir do centro principal, para as típicas ruelas de Rio Maior, encontra-se a Casa Marques, uma retrosaria com 100 anos de existência, que, só há duas semanas, teve permissão para abrir o negócio ao postigo. Esteve fechado durante o restante confinamento.

Aos 78 anos, Maria Irene Cardoso, dona da loja, admite que a situação tem sido “insuportável”.

“Não é fácil, porque aqui as pessoas vêm comprar um novelo de linhas, um bocadinho de elástico, e não é assim que nós conseguimos fazer dinheiro para pagarmos os impostos que temos de pagar todos os meses”, diz a lojista, que acrescenta que o negócio, que “já estava mal”, ficou “ainda pior”.

Apesar das dificuldades, Maria tem mantido os salários aos dois funcionários da loja. “O que vale é que não pago renda porque a loja é minha, porque se pagasse renda já tinha fechado”, remata.

Localizado numa das muitas zonas verdes da cidade, no Solar do Parque, no jardim municipal de Rio Maior, as dificuldades também se têm sentido. Pelas 10h30 desta segunda-feira, apenas dois clientes tinham passado pelo estabelecimento.

“Nós estamos numa zona que é mais de passagem. Com as restrições adicionais que vieram, é óbvio que as pessoas não vão parar para vir aqui ao jardim municipal”, conta a funcionária Margarida Fetal.

“Isto é um negócio mais sazonal, depende muito também do tempo, das condições meteorológicas. Agora que estava o bom tempo a vir, voltamos para trás. É um mal que vamos ter de suportar por um bem maior”.

Apesar do espaço do jardim para uma esplanada de grandes dimensões, o Solar do Parque apostou em reduzir a área ao máximo possível. “Pusemos muito poucas mesas para conseguirmos controlar as entradas, saídas, se as pessoas estão a fazer o uso de máscara, etc”.

“Temos de respeitar as regras, não temos outra solução, a ver se nos deixam fazer o verão”, remata Margarida.

Apesar do encerramento destes espaços, as escolas de Rio Maior continuam a funcionar presencialmente e também voltam ao ensino presencial, a partir desta segunda-feira, os alunos do ensino secundário e do ensino superior.

Além das escolas do pré-escolar ao secundário, Rio Maior tem uma escola profissional e a Escola Superior de Desporto do Instituto Politécnico de Santarém.

Além de Rio Maior, o primeiro-ministro, António Costa, anunciou que também os concelhos de Moura, Odemira e Portimão, igualmente com uma incidência de 240 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias, regressam, esta segunda-feira, às medidas restritivas que estavam em vigor na fase 1 do desconfinamento.

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