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Entrevista

"Estamos a viver o maior retrocesso da história no Brasil"

27 set, 2022 - 08:31 • Liliana Monteiro

Fundadora da organização brasileira Meninas Negras critica a governação de Jair Bolsonaro, num país cheio de riquezas naturais onde 33 milhões de pessoas passam fome e a "ignorância política" grassa. Eleições presidenciais no Brasil estão marcadas para o próximo domingo.

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A poucos dias das eleições presidenciais no Brasil, agendadas para o dia 2 de outubro, a Renascença ouviu uma jovem brasileira de 19 anos, mentora da organização não-governamental Meninas Negras.

Isabelle Christina promete ir às urnas com a esperança de ver uma mudança que possa colocar o país no rumo do crescimento económico, melhor nas relações com os outros países e que olhe para os jovens.

“No Brasil estamos a viver o maior retrocesso da nossa história, é um país emergente e no último Governo tivemos um grande retrocesso em relação à educação, incentivo à ciência, economia e em relação a tudo para falar verdade”, afirma a ativista social, em entrevista à Renascença.

É com alguma revolta descreve o país que a viu nascer e que todos os dias quer mudar mais um pouco apostando nos jovens e estimulando a procura de formação e empreendedorismo.

“Os jovens são os mais afetados. Percebemos a realidade daqueles que estão no ensino médio da escola e começam a trabalhar a troco do pagamento de um salário muito pequeno, e com a crise económica agravada pela pandemia estas pessoas estavam a sustentar famílias de cinco pessoas, totalmente fora de qualquer contexto agora não conseguem”, lamenta.

São 11 os candidatos às eleições presidenciais brasileiras, contando com o atual chefe de Estado, Jair Bolsonaro. Entre eles estão quatro mulheres, há advogados, um empresário, dois deles ligados à mecânica, como é o caso de Lula da Silva, e até um cientista político. Trarão eles uma nova esperança?

“Este é um ano tenso de eleições e esperamos poder mudar este cenário. Se não transformarmos isto, agora, tenho medo de nos transformarmos no país mais pobre do mundo”, receia a mentora da organização Meninas Negras.

Para Isabelle Christina, “Lula traz esperança” a um país em que 33 milhões de pessoas passam fome. “Acredito que, apesar da polémica e dos casos de corrupção, se olharmos hoje para o Brasil ele conseguiu fazer com que famílias da extrema pobreza entrassem em universidades, criou programas de educação, criou suportes alimentares, porque estávamos no mapa da fome das Nações Unidas e deixámos de estar. Agora estamos de novo! Vejo que há esperança embora faltem candidatos de outros contextos sociais”, sublinha.

Isabelle explica que, para muitas famílias da periferia, e não só, a fome voltou. “Assistimos ao regresso da fome, pessoas que esperam a chegada do camião com resto de comida. Voltamos anos e anos de muita luta para trás”.

A ativista social considera, por isso, que “não houve nenhum Presidente que tenha feito tanto mal ao Brasil, um país com tanto potencial, podíamos ser a economia mais rica do mundo e desperdiçamos”.

“Temos o maior índice de jovens na história do nosso país. Esses jovens em idade ativa não estão a ser desenvolvidos e quando tentam uma atividade, ficam desiludidos e são recursos por aproveitar que não contribuem para a economia do país”, diagnostica.

Esta jovem de 19 anos, que aos 13 anos lançou uma plataforma de ajuda às meninas negras que vivem na periferia de São Paulo, sublinha que “quando não se vai pelo caminho da educação o que bate a porta é o crime”.

“Eu ia para a escola, às 7h00 da manhã, e havia jovens a consumir droga com os professores a passar. Quem lidera o crime tira as pessoas do banco escolar para a criminalidade e aproveita-se”, relata.

Isabelle Christina diz mais: “um jovem da periferia pensa: ‘eu tenho de me formar e ir para a faculdade (que nem sabe como fazer isso) e depois preciso de arranjar um emprego? Mas ninguém me vai querer contratar e se eu seguir o caminho do crime, que é mais rápido, eu vou ganhar mais dinheiro para ajudar a família’”.

Aos 19 anos, a jovem são paulina sabe que a política não é muito tema de assunto entre as pessoas mais pobres. “São muito ignorantes em matéria de política, dizem logo que não gostam de falar de política e querem é seguir a sua vida”.

“Desta forma criamos repetidores de informação e não criadores de opiniões. Isso é crítico e todos seguem opiniões alheias. É bom motivar a nova geração para a política para aprender a ter opinião critica.”

Acredita que existe “risco de voltarmos a ter o Bolsonaro como Presidente, há uma linha ténue”, mas acredita “que não se vai perpetuar”. “É como se estivéssemos a manter uma pessoa totalmente fora de controlo, genocida no poder e não podemos permitir isso”, atira.

Quando lhe perguntamos que prioridades devem estar na mente do próximo Governo, esta jovem rapidamente responde: “deve ter em mente a educação, ciência, economia, boa relação com outros países (algo que nós destruímos) e pensar num país como um todo. Não estarmos sempre a apagar fogos, mas a criar sustentabilidade para as novas gerações”.

Mas há quem goste de Jair Bolsonaro e prometa de novo votar nele. “Quem gosta de Bolsonaro tem falta de opinião critica forte. O discurso é sempre ele apoia a economia, mas como se faz isso sem aposta na educação, ciência, desenvolvimento social como um todo? São influenciados por grandes grupos ligados à religião e corrupção”

Isabelle Christina conclui: “conheço pessoas que votaram nele, pergunto porquê? E a partir daí começam discussões saudáveis. Isso é o mais importante, não termos medo de falar”.

Comentários
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  • Joaquim Santos
    28 set, 2022 Tojal 22:43
    A renascença apoia descaradamente o LULA, Não só a Renascença , mas toda a imprensa nacional. Caso Lula perca, fica confirmado que Lula é ladrão. Da renascença, poderemos então dizer: "tão ladrão é o que vai às uvas como o que fica a ver!"
  • Dora Roxo
    27 set, 2022 V.N. de Gaia 17:07
    Engraçado que o que ela reclama é muito parecido com o que os portugueses estão passando: 40% da população em risco de pobreza, educação sofrível, SNS num caos, jovens sem perspectiva de futuro. E no Brasil não há a "almofada" da UE.
  • Claudia
    27 set, 2022 Lisboa 12:22
    Sou ouvinte da rádio renascença e gosto...so não percebo pq vc fazem entrevistas somente com ativistas do PT...onde fica a democracia q tanto primamos?decepcionada ..😔

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