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Covid-19

Oxford vai testar a eficácia de vacinas combinadas. Cinco respostas para entender o que está em causa

04 fev, 2021 - 16:05 • Joana Gonçalves

Cientistas procuram avaliar a eficácia da combinação de dois tipos diferentes de vacinas contra a Covid-19, entre a primeira e a segunda dose.

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A Universidade de Oxford está a recrutar 820 voluntários para o primeiro ensaio clínico que procura avaliar a eficácia da administração de duas vacinas distintas contra a Covid-19, entre a primeira e a segunda dose.

Que vacinas serão combinadas e qual a importância desta investigação, no combate à pandemia? A Renascença explica-lhe o que está em causa, em cinco perguntas e respostas.

1 - Quais as vacinas em estudo?

Neste primeiro ensaio clínico, será avaliada a eficácia da combinação das vacinas da Pfizer/BioNTech e da Oxford/AstraZeneca.

Ambas as vacinas foram já asseguradas pelo executivo português. As da Pfizer/BioNTech foram as primeiras a ser administradas em Portugal e o Governo adquiriu, entretanto, 113 mil doses do fármaco da Oxford/AstraZeneca, que deverão chegar ao país durante a próxima semana.

Numa segunda fase, a universidade britânica conta avaliar também a eficácia combinada das vacinas da Novovax e da Janssen, da farmacêutica Johnson & Johnson.

2- O que as diferencia?

Para avaliar a importância da combinação das duas vacinas, importa compreender o que as distingue.

No caso da Pfizer/BioNTech, trata-se de uma vacina de ácido ribonucleico mensageiro (ARN-m). Já a Oxford/AstraZeneca baseia-se em vectores adenovirais, isto é, utiliza uma tecnologia que tem por base o ácido desoxirribonucleico (DNA), com genes inativados de adenovírus.

“O que quer dizer, na prática, é que o modo de expressão ou de apresentação do antigénio que é a proteína viral da espícula do coronavírus, responsável pela entrada do vírus na célula, é diferente”, explica à Renascença o virologista Pedro Simas.

No caso do ARN-m, “a proteína vai numa nanopartícula, que entra dentro da célula e a apresenta ao sistema imunológico”. Já no caso do adenovírus recombinante, é um vírus atenuado que entra na célula, onde inicia um processo de replicação. Neste processo o vírus replica-se e não só produz a proteína viral da espícula do coronavírus, como produz as suas próprias proteínas, mas não tem capacidade de ir para além de um ciclo replicativo.

“Durante esse processo, a proteína do coronavírus e também do vírus recombinante são apresentadas ao sistema imunológico”, adianta o especialista.

Estas são as principais diferenças das duas vacinas. A da Pfizer/BioNTech só produz a proteína espícula, no caso da Oxford/AstraZeneca para além dessa proteína há outras proteínas virais, do próprio vírus que a transporta.

“Independentemente do método, é importante que se perceba que ambas as vacinas são seguras e eficazes”, reforça o virologista do Instituto de Medicina Molecular.

3 - Porque é importante testar a eficácia combinada das vacinas?

Mais importante do que avaliar o possível aumento de eficácia das vacinas, trata-se de maximizar a cobertura vacinal.

“Mesmo que esta combinação não resulte numa maior eficácia, o que está em questão é aumentar o número de doses efetivas. Numa altura em que há poucas vacinas, talvez se tenha de combinar diferentes tipos de vacinas para vacinar o maior número de pessoas possível”, defende Pedro Simas.

No caso de um grupo de pessoas ter recebido uma primeira dose da vacina da Pfizer/BioNTech, por exemplo, e a segunda dose não chegar a Portugal em tempo útil, é importante garantir que a imunidade não fica comprometida.

Assim, a confirmar-se que a combinação de duas vacinas assegura, pelo menos, o mesmo nível de eficácia, seria possível potenciar o número de portugueses vacinados.

4- O que podemos esperar?

De acordo com Pedro Simas, “há uma base científica lógica para tentar combinar diferentes vacinas”.

Quando nós utilizamos um adenovírus, que é um vírus atenuado, como veículo de expressão da proteína espícula, o nosso sistema imunológico vai produzir anticorpos não só contra a proteína espícula, como também contra o próprio adenovírus. Assim, a eficácia da segunda dose pode ser ligeiramente afetada, porque o organismo já criou um mecanismo de defesa contra o vírus atenuado que transporta proteína viral da espícula do coronavírus.

Por isso é que, por exemplo, na vacina russa Sputnik V se utilizam dois adenovírus serologicamente diferentes, para que quando se dá a segunda dose da vacina não existam anticorpos que neutralizem esse vírus e diminuam a eficácia da segunda dose.

“Ao combinar-se um adenovírus primeiro e depois uma vacina de ARNm, define-se que quando se está a dar a segunda dose, os anticorpos que foram feitos contra o adenovírus não afetam a eficácia da segunda dose e vice-versa”, adianta o investigador.

Neste momento, todas as vacinas disponíveis são muito eficazes na proteção contra a infeção severa e a doença grave, mas "são talvez menos eficazes na proteção contra a infeção ligeira". Ou seja, temos boas vacinas para proteger as vidas humanas, mas que podem não ser tão boas a proteger contra uma constipação comum. Desde que se assegure que a combinação das vacinas é suficientemente eficaz para proteger a vida humana, está cumprido o principal objetivo.

5 - É comum combinar dois tipos de vacinas diferentes?

A prática de combinação de vacinas de diferentes farmacêuticas não é comum. Mas Pedro Simas adianta que “para determinadas infeções virais, em que há mais de uma opção de vacinas, pode acontecer que num ano uma pessoa recebe uma vacina e no ano seguinte uma vacina diferente”.

“Seja com uma dose, com uma segunda espaçada da primeira, ou com uma combinação de diferentes vacinas, o importante é proteger as pessoas contra a doença severa ou contra a morte”, defende o virologista.

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