22 out, 2024 - 16:29 • Eduardo Soares da Silva , Pedro Castro Alves
O presidente da Associação de Futebol de Lisboa, Nuno Lobo, oficializou, na tarde desta terça-feira, a candidatura à presidência da Federação Portuguesa de Futebol, com duras críticas apontadas a Pedro Proença, que será o seu provável adversário nas eleições, e promessa de uma nova Cidade do Futebol no norte do país e uma revolução nos quadros competitivos, dos distritais até à I Liga.
Num discurso na sua primeira conferência de imprensa, o dirigente começou por afirmar que sairá "a liderança da AFL, de consciência tranquila, pelo trabalho que ao longo destes doze anos levei a cabo nessa instituição".
Vê nas eleições de 2024 como um momento decisivo para o futebol português: Há momentos que definem a história, momentos que nos garantem o futuro ou nos condenam à estagnação. Vivemos um desses momentos em que temos a responsabilidade de não vacilar. É por isso, com sentido de responsabilidade e compromisso que me apresento, aqui, hoje, como candidato a Presidente da FPF".
Nuno Lobo fez várias críticas ao estado do futebol nacional ao mais alto nível, prometendo intervenção ao nível do futebol profissional.
"Perdemos competitividade a nível europeu. As Sociedades Desportivas estão descapitalizadas, com grandes dificuldades, com dívidas recorrentes ao Estado, a atletas e a fornecedores, com os seus dirigentes quase sempre em cima do fio da navalha entregues à sua sorte", afirma.
O dirigente considera que a II Liga é "completamente inviável do ponto de vista financeiro. Temos uma Liga Portugal que em vez de distribuir verbas que são dos clubes, as gasta de forma incompreensível e irresponsável. Temos de reverter esta preocupante situação".
"Enquanto Presidente da Federação não me demitirei de intervir, quando necessário, no futebol profissional", promete.
Se for eleito, garante que organizará um debate público a nível nacional para a restruturação das competições: "Será da base até ao topo, não só a Liga 3 ou Campeonato de Portugal. Queremos revolucionar e restruturar todo o edifício do futebol desde a última distrital até à I Liga".
"Será um debate sério no primeiro ano de mandato. Uma discussão pública sobre a revolução dos quadros", explica.
Num discurso cheio de críticas, que mais tarde confirmou serem direcionadas a Pedro Proença, que será o seu provável adversário nas eleições, Nuno Lobo diz que a FPF não deve ser "um ponto de partida".
"Não é uma escala ou um entreposto para ambições desmedidas e utópicas. A FPF não é – não poder ser - um trampolim para organizações internacionais, ou meramente instrumental para o ego de quem não pensa no futebol português, mas apenas no seu umbigo", diz.
Atual presidente da Liga apresentou esta sexta-fei(...)
Acrescenta que "não tem um aparelho da instituição a que presido a trabalhar para mim (como outros descaradamente o fazem), não peço, nem vou pedir a nenhum clube, a nenhuma associação de futebol para me elogiar ou criar uma vaga de fundo artificial apenas para justificar que falte à minha palavra e que quebre uma promessa eleitoral com pouco mais de um ano".
Nuno Lobo promete a construção de uma delegação da FPF e de uuma Cidade de Futebol descentralizada, no norte do país, reforçar "significativamente o apoio à profissionalização de todos os 29 Sócios Ordinários da Federação (com um aumento do apoio financeiro a cada um deles)", uma medida avaliada em cinco milhões de euros.
O dirigente e advogado promete ainda "a criação de um Fundo de Emergência ao Futebol Profissional e ao Futebol Não Profissional, com o intuito, tão só e apenas, de reforçar a competitividade de todos os nossos Clubes e/ou Sociedades Desportivas, o montante global de 15 milhões de euros".
Nuno Lobo elegeu o atual presidente da FPF como o melhor de sempre da instituição e acredita que não tomará partido nas eleições.
"Já falei com ele e ainda hoje de manhã lhe comuniquei esta conferência de imprensa. Acredito que o Fernando Gomes não vai tomar partido, quererá sair da FPF como um líder histórico, ímpar, o melhor presidente de todos os tempos e, sinceramente, acho que não tomará partido. Acredito que lhe será indiferente, os sócios e delegados decidirão. Não lhe consigo dizer se prefere A ou B", afirma.
O dirigente garante, no entanto, que já tem apoios "não só de clubes, mas também de delegados de associações de classes e associações regionais. Para me candidatar tenho de ter o apoio que me permita ser candidato, ter as subscrições mínimas. Nunca concorri a nada para cumprir calendário. Vou para ganhar, não tenho dúvidas disso".
Sobre o atual selecionador nacional, Nuno Lobo garante que não pensa em substituir Roberto Martínez: "É o meu selecionador, tem contrato e eu assumo os meus compromissos. Sempre assumi tudo o que prometo e que tenho em cima da mesa. Não está sequer em discussão. É o meu selecionador".