16 jul, 2024
Depois de ter ficado bem à vista o universal reconhecimento da justiça que assentou na vitória da selecção de Espanha no Campeonato da Europa de Futebol, não deixa de ser oportuno refletir também acerca do insucesso da representação portuguesa que, num dia distante de Junho, descolou do aeroporto da Portela envolta na ideia de que, podendo não ser favorita, fazia parte de um restrito lote de candidatos à festa final.
Entretanto já na Alemanha, onde a verdade começou a escrever-se, essa ideia não ganhava o cimento necessário para poder vir a conseguir chegar a uma construção verdadeiramente vencedora.
Ou seja, os primeiros três jogos da fase de grupos, com a República Checa, Turquia e Geórgia, fizeram logo descarregar sobre a nossa selecção algumas sombras, que o futuro não ajudou depois a dissipar.
Futebol de duvidosa qualidade nalguns casos, dúvidas permanentes sobre a constituição dos onzes e, sobretudo, o sistema de jogo que foi sempre uma fonte de dúvidas, contribuíram para que no espírito dos adeptos fosse possível encaixar a ideia de que o futebol português tinha capacidade para bater o pé aos melhores.
Depois, com a Eslovénia, já na fase a eliminar, apenas chegámos às grandes penalidades nos oitavos-de-final, acontecendo o mesmo a seguir com a França, mas aí já sem a protecção dos deuses da fortuna.
E, neste caso, mesmo tendo defrontado a pior selecção gaulesa dos últimos tempos, o que ficou bem à vista de todos.
Sair assim, pela porta pequena, custou muito.
Sobretudo, quando esse desaire não resultou apenas da falta de qualidade de alguns, pois ficou demostrado que, ao contário de ideias antes concebidas, não fomos para a Alemanha com jogadores capazes de constituírem duas equipas de valor muito semelhante.
Além disso, e quanto a nós, mais dois factores que estiveram na base do fracasso lusitano: não foi bem gerida a utilização de veteranos, sobretudo de Cristiano Ronaldo, gestão improdutiva que pode e deve alargar-se ao seleccionador, figura a que uma grande fatia de adeptos portugueses parece ter substituido a esperança por uma desilusão que, atenção, pode ter entrado numa derrapagem perigosa.