24 jul, 2023
O semanário The Economist, na sua edição de 15-21de julho, revelou que os apoiantes de Trump estão há meses a preparar o regresso do seu líder à Casa Branca. Um objetivo fundamental desse exercício é impedir que funcionários da administração federal americana possam, uma vez Trump eleito, de algum modo travar ou limitar as políticas que o chefe quer aplicar.
O critério para manter funcionários públicos nos seus cargos se Trump for eleito é claro: fidelidade pessoal sem hesitação a Trump. Para tal, dezenas de milhares desses funcionários (o Economist calcula cerca de 50 mil), em todos os níveis da administração, devem passar a ter um vínculo de trabalho precário, de maneira a serem despedidos ao menor sinal de menos empenho na execução das diretivas emanadas da Casa Branca. Por exemplo, meras dúvidas sobre a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021 serão motivo desqualificação.
Ao mesmo tempo, os apoiantes de Trump criaram o que alguns deles designam de um “Linkedin conservador”, para recrutar pessoal político e para a alta administração pública que Trump possa nomear. O critério de escolha é o mesmo: fidelidade sem hesitações ou falhas ao chefe. Nota o semanário britânico que esta orientação levaria, além do mais, a que o Presidente dos EUA tivesse controle direto do ministério da Justiça – concretizando uma das conhecidas aspirações dos populistas autocratas, pôr o sistema de justiça na dependência do governo.
Quanto ao conteúdo das políticas que Trump quer levar avante, os milhares de páginas já elaboradas pelos seus apoiantes incluem finalizar a construção do muro na fronteira com o México, colocar barreiras pautais às importações vindas de países aliados, tornar permanentes as baixas de impostos, acabar com a concessão automática de nacionalidade a imigrantes nascidos em solo americano, colocar em dúvida a permanência dos EUA na NATO, deixar de apostar em energias limpas para combater as alterações climáticas, etc.
Trump tem dito que acabará com a guerra na Ucrânia em 24 horas. Não é ficção – ele certamente telefonará ao seu amigo Putin, anunciando-lhe que os EUA cessam o apoio militar à Ucrânia. Assim, pela mão de Trump, a Rússia ficaria com os territórios ocupados na Ucrânia.
Estas informações são alarmantes, por isso o Economist trouxe este tema para a capa do semanário. É importante que estas coisas sejam conhecidas, antes de mais, claro, pelos americanos que irão votar em novembro do próximo ano. Se Trump realizar os seus sonhos – pesadelos para os que prezam a democracia americana, que marca os EUA desde o início da sua história – teremos naquele país mais uma autocracia.