07 jul, 2023
O recente Relatório do Estado do Ordenamento do Território mostra que 24 concelhos perderam nos últimos 10 anos pelo menos 15% da população. Nesses concelhos, praticamente todos do interior do Continente, previa-se que o despovoamento atingiria 15% ou mais em 2030. Só que essa marca negativa foi atingida em 2021, em confronto com 2011 – ou seja, em apenas dez anos e não 19. E 65 municípios registaram baixas de população superiores a 10% entre 2011 e 2021.
Parece, assim, imparável o despovoamento do interior. Houve cidades onde a população aumentou. Foi o caso de Braga, bem como de Tavira e Portimão, cidades que não se situam no interior do país.
Sabe-se ser praticamente impossível reverter o gradual despovoamento das áreas rurais do interior, muitas delas já hoje quase desertas. Mas havia alguma esperança em dinamizar as cidades do interior. Ao contrário das aldeias, de onde desapareceram escolas, bancos, comerciantes e serviços públicos, nas cidades do interior ainda muitas dessas entidades e serviços são possíveis e desejáveis. Ora o declínio da população em cidades como Elvas, menos 9% em dez anos, e Portalegre, menos 8,5%, entre 28 centros urbanos que perderam população, põe em dúvida aquela esperança.
Perante este desolador despovoamento de grande parte do território continental há quem fale da necessidade de regionalizar. Só que o exemplo de Espanha não é animador a este respeito.
Depois do centralismo que caracterizou a ditadura de Franco, a democracia espanhola criou 17 comunidades autónomas. Cada uma destas comunidades tem governo e parlamento próprios, à semelhança do que entre nós se passa com os Açores e a Madeira. Mas o despovoamento tem-se acentuado em numerosas áreas do território espanhol, não obstante a regionalização das autonomias.