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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​Porquê Santarém?

26 set, 2022 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


O Governo tem obrigação de esclarecer a opinião pública quanto ao poder efetivo da empresa Vinci para determinar onde se irá construir o novo aeroporto de Lisboa.

Foi breve a reunião entre o primeiro-ministro e o líder do PSD sobre o futuro aeroporto de Lisboa. A. Costa estava acompanhado por Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas, e Luís Montenegro tinha a seu lado o vice-presidente do PSD Miguel Pinto Luz. Concordaram com o método para seguir os preparativos da construção do novo aeroporto. Só daqui a um ano ou mais se saberá qual a localização escolhida. Entretanto L. Montenegro viu aprovada a sua proposta de começar quanto antes as obras de requalificação do aeroporto da Portela.

Entre as localizações possíveis do novo aeroporto foi incluída a zona de Santarém. Aí um grupo de investidores privados, tendo à frente o grupo Barraqueiro, pretende construir um aeroporto. Esta é a localização mais recente que é avançada neste processo de indecisão que já leva décadas.

Porquê Santarém? Porque fica a 90 quilómetros do aeroporto da Portela, em Lisboa, fora, portanto, da área de 85 quilómetros onde impera a concessionária da Portela, a empresa francesa Vinci.

Ora a Vinci já foi apontada como tendo na mão o poder jurídico para, ao fim e ao cabo, condicionar a decisão do Governo e até decidir onde será construído o novo aeroporto. Um poder que estaria consagrado no contrato de concessão da Portela. Este parece ser um dado essencial para o processo de escolha do futuro aeroporto.

No entanto, pouco se fala deste assunto. O atual Governo já mostrou não ser um entusiasta da transparência. Mas tem a obrigação de esclarecer a opinião pública quanto ao poder efetivo da empresa Vinci para determinar onde se irá construir o novo aeroporto de Lisboa. Cabe ou não à Vinci a última e decisiva palavra sobre a localização do novo aeroporto? Não esclarecer este ponto significará que os encontros entre o Governo e os partidos da oposição sobre esta matéria decisiva para o futuro do país se fiquem por problemas secundários.

Comentários
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  • Ivo Pestana
    26 set, 2022 Funchal 14:26
    Sou de longe, mas já li que Beja seria boa alternativa, com comboio. É importante pensar no ambiente, também.
  • Ah, pois ...
    26 set, 2022 País 11:29
    Os contratos rescindem-se ou renegoceiam-se. Obrigar viajantes a percorrer 90 Quilómetros para chegar a um aeroporto, só porque deram poder excessivo a essa tal de Vinci é uma manifestação de incompetência e impotência de Estado.
  • Cidadao
    26 set, 2022 Lisboa 08:56
    Bem me parecia que isto de Santarém, trazia água no bico. Mais uma vez os privados impõem as regras perante o silêncio incapaz, ou a cumplicidade dos poderes públicos. Ir construir um aeroporto a 90 Km de Lisboa, só para fugir ao poder da Vinci, é uma imbecilidade. Os contratos rescindem-se ou renegoceiam-se. Se necessário, através de soluções de força.