19 jun, 2021 • José Bastos
Como avaliam os portugueses a democracia? Como se relacionam com a política e o Estado? O que pensam os cidadãos de formas não democráticas de governo, como as autocracias?
Foi a questões deste tipo que o estudo “Os Valores dos Portugueses” – coordenado pelos académicos Pedro Magalhães e Alice Vieira com apoio da Gulbenkian - procurou responder no âmbito mais alargado de uma investigação comparada sobre valores europeus.
A imagem projetada pelo documento – link para download do PDF – não é propriamente satisfatória se o ângulo de avaliação for o progresso de valores tidos como consensuais nas modernas democracias do mundo ocidental.
Em síntese, os portugueses rejeitam cada vez menos um líder autoritário que não responda perante o parlamento. Em 2008 eram 41% os que se pronunciavam contra este perfil, mas em 2020 apenas 37% dos portugueses são contra formas não democráticas de governo.
Mas, em contradição, a maior disponibilidade para regimes tecnocráticos ou militares coexiste, por outro lado, com uma avaliação tendencialmente positiva da democracia. Confunde-se democracia com bem-estar social?
A investigação indica ainda que os portugueses estão entre os povos mais desconfiados da Europa, apresentam as menores taxas de confiança interpessoal, como alertava Nuno Garoupa já em 2019.
Estas questões de fundo e outras da atualidade (CML Rússia, Comissão 25A, justiça, regulação, relação PR-PM) cruzam-se na interseção da pergunta-título do último livro do especialista em políticas públicas Paulo Trigo Pereira, “A Democracia em Portugal, como evitar o seu declínio?”.
A análise é de Nuno Garoupa, professor da GMU Scalia Law, Nuno Botelho, líder da ACP – Câmara de Comércio e Indústria e Paulo Trigo Pereira, professor do ISEG e presidente do IPP-Institute of Public Policy.