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​“Parece que vamos deixar de ter professores”, diz subdiretora-geral da Educação

08 out, 2020 - 17:02 • Manuela Pires

“Não tem havido investimento, nem qualquer trabalho nesta área para inverter a falta de professores” que “já faltam no sistema”, revelou Maria João Horta, numa conferência promovida pelo Conselho Nacional de Educação.

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A subdiretora-geral da Educação, Maria João Horta, garante que já há falta de professores no sistema e denuncia a falta de investimento na área para inverter a situação.

“Parece que vamos deixar de ter professores em Portugal”, disse Maria João Horta, com tristeza, numa conferência promovida pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) sobre “O digital numa pedagogia ativa e autonomizadora”.

A denúncia surge numa altura em que, em muitas escolas, três semanas depois do arranque do ano letivo ainda faltam, por um lado, professores que não chegaram a ser colocados e, por outro, docentes que já apresentaram atestados médicos.

Neste "webinar", a subdirectora-geral da Educação apresentou os planos do Governo para a transição digital que prevê a formação de professores, revelando que “nesta altura estão a ser formados 400 formadores de todo o país que depois em janeiro vão dar formação aos 100 mil professores que temos no sistema”. Esta formação não vai ser igual para todos, vai adequar-se às competências que cada um dos professores desenvolveu ao longo dos últimos meses.


“É um programa que não vai mudar nada”, desabafa António Dias Figueiredo, professor catedrático aposentado do Departamento de Engenharia Informática da Universidade de Coimbra e investigador do Centro de Informática e Sistemas da Universidade de Coimbra. Foi ainda o responsável pelo projeto MINERVA que introduziu os recursos informáticos na educação.

António Dias Figueiredo considera que o mais importante é a pedagogia e a inovação, para isso é preciso promover uma mudança cultural, dando um exemplo concreto que aconteceu enquanto estava confinado sem sair de casa.

“Durante o confinamento a senhora da mercearia que me vendia a fruta e as hortaliças recebia as encomendas pelo WhatsApp, eu pagava por transferência bancária. Ela fazia tudo com uma desenvoltura, será que ela teve um curso de competências para o digital?” remata António Dias Figueiredo.

O professor da Universidade de Coimbra defendeu, nesta conferência do CNE, em parceria com o GILM (Grupo Informal sobre Literacia Mediática), que o telemóvel, mais do que o computador, é a ferramenta universal que deve ser usada pelos alunos na sala de aula.

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  • Paulo Santos
    08 out, 2020 19:17
    Digam o que disserem, em cada vez mais zonas do país, em cada vez mais grupos de recrutamento e cada vez mais cedo, há horários nas reservas de recrutamento que não encontram candidato. Pior que isto, há horários que vão para oferta de escola que também não têm qualquer candidato e os alunos ficam sem aulas, muitas vezes durante o ano inteiro! Que há grupos de recrutamento e zonas do país onde há durante todo o ano candidatos já sabemos, isso é o que deveria acontecer em todos os grupos de recrutamento, em todas as zonas do país.... a sociedade portuguesa iludiu-se, acho que o trabalho de professor estava bem pago de mais, que podiam cortar a torto e a direito que manteriam a atratividade da profissão... o resultado está à vista! O que me preocupa sobretudo é o futuro do país, sem educação não há milagres. Lembram-se de há cerca de 20 anos António Guterres falar na paixão que tinha pela educação? Eu lembro-me de nessa altura ele dar o exemplo da China, que 20 anos antes tinha começado a investir muito na educação... agora vejam o que se tem passado na China, o que têm crescido, como se estão a tornar na maior economia do mundo!
  • Professor ludibriado
    08 out, 2020 5 de out 18:39
    É preciso fazer circular a "massa". Esses 400 formadores estão a ser formados por alguém que recebe do Estado, e depois vão eles próprios receber do Estado, para "ensinarem" professores. Isto é um maná! Em vez de dar a volta à carreira para a tornar mais atrativa, o governo-PS entretém-se com estas futilidades e ao mesmo tempo dá dinheiro a ganhar aos seus boys e girls - quanto apostam que muitos dos "formadores" vêm da área PS? Não quem queira ir para professor, porque poucos aceitam ganhar uma miséria e ficar nos escalões baixos a ganhar tostões sem efetivar durante 20 ou 30 anos, sempre na estrada com a casa às costas, e em muitos casos a ter de pagar para trabalhar, que o ordenado não chega nem para alugar quarto. Se acrescentarem o tipo de alunos - e já agora de pais - que os professores têm de aturar, mais a constatação que "isto não vai mudar", só vai para professor quem não arranja outra coisa. E mesmo aí, é para saltar fora, mal pinte uma proposta de emprego noutra área.

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