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Porsche lança 718 GTS e Macan GTS e a Renascença já os conduziu. E depois, acelerámos no autódromo

17 fev, 2020 - 17:43 • José Carlos Silva

Há 13 anos que a Porsche reaviva a sigla GTS de Gran Tourism Sport, que surgiu em 1953 com 550 coupé. A ideia de um carro desportivo que se pode conduzir todos os dias foi “exportada” para o 718 e para o Macan.

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O construtor automóvel de Estugarda pretende deliberadamente cativar o lado emocional do cliente Porsche, apostando em pormenores desportivos e exclusivos para quem pretende um automóvel que pode utilizar nos trajectos do dia a dia ou levar para o circuito. É para isso que serve o GTS.

O autódromo Fernanda Pires da Silva foi o palco da apresentação dos dois modelos à imprensa, com direito a teste drive pelas estradas da Linha de Cascais e de Sintra. E 4 voltas suplementares à pista do Estoril.

O Porsche 718 GTS é equipado com um motor 4 litros e 6 cilindros Boxter. Capaz de debitar 400 cavalos de potência às 7000 rotações, fica situado em prestações perto do 718 Spyder e do GT4.

Com um sistema de suspensão adaptativa, o 718 GTS é mais baixo 20 milímetros que os restantes modelos Porsche 718. O que se traduz numa maior estabilidade em curva. Foi possível testar isso nas estradas de Sintra e de Cascais. Curva de forma sã, “alapado”, e apesar do alcatrão estar molhado, não causou surpresas. Contudo, foi preciso atravessar com cuidado algumas barreiras sonoras para evitar que o chassis roçasse o alcatrão. Não o fez, mas ficou muito perto.

A caixa manual de seis velocidades, muito suave ajudou e teve sempre resposta pronta às subidas e descidas de marcha.

É capaz de fazer os primeiros cem metros em 4,5 segundos, e atingir os 293 quilómetros por hora. O consumo combinado segundo a marca, é de 10.8 l/100 Km.

O 718 GTS, apresenta uma ligeira evolução estética, com elementos próprios como as duas saídas de escape afastadas e mais próximas das extremidades.

Tem novas saias laterais, módulos escurecidos de luzes, inscrições GTS a preto nas portas da frente. Lá dentro, os bancos são desportivos, verdadeiras baquets, o que limita, obviamente, as regulações. No interior o preto domina os revestimentos, onde predomina Alcantara, que de resto forra os bancos, o apoio de braços, o próprio volante.

O conjunto ganha também um ecrã multifunções com 10,9”.

Quanto ao Macan GTS, procura um cliente que privilegia as prestações e o espaço fazendo a fusão do bom e do óptimo.

Neste caso, o motor é mais modesto, um 2.9 litros bi-turbo de 380 cavalos. A velocidade máxima é de 261 quilómetros por hora, e alcança os primeiros cem metros em 4,9 segundos. O consumo é de 9,6 l/100 Km.

Este Macan fica situado entre o S e o Turbo, e disponibiliza mais 20 cavalos de potência que o seu antecessor, e tal como o 718 GTS, tem alguns pormenores específicos, que tentam fazer a diferença, como por exemplo uma altura ao solo reduzida em 15 mm, e discos de travão de maiores dimensões.

No teste dinâmico que realizámos foi possível utilizar o Macan em estradas sinuosas sem que de alguma forma fraquejasse, e melhor, sem transmitir qualquer insegurança quer ao condutor, quer ao passageiro.

E que tal umas voltas ao circuito do Estoril num Porsche 718 Cayman GTS 4.0?

Sim. E sim. A volta foi a sós, com um carro guia à frente, com a pista seca e limpa depois da chuvada da manhã. Uma estreia - algo nervosa - ou não estivéssemos perante um desafio com um carro no valor de vários anos de salário.

Na primeira volta, o carro guia transmitiu o essencial via rádio: “Segue sempre atrás de mim, fazes a sombra da minha rota. Se eu for por fora, tu vais por fora; se eu pisar os avisadores, tu pisas; se eu alargar a curva, tu alargas”.

E, palavras de conforto aqui para o novato, “não te preocupes, eu sigo-te pelo retrovisor, e andarei o que tu quiseres andar”.

Saímos das boxes a velocidade inferior a 30, e fizemos as primeiras curvas sem problemas. Na primeira volta, percebi que a caixa de velocidades era muito inteligente, porque me perdoava reduções e recuperações bruscas adaptando-se de forma automática ao andamento que imprimia à corrida. No rádio, nova indicação, “Vamos fazer quase tudo em 3ª e em 2ª. Não te preocupes”.

O ar condicionado demasiado quente não ajudava, e perante a impossibilidade de abrir a janela (ordens da organização), caíram os primeiros pingos de suor. Sim, vá… era mesmo só do calor.

O ritmo aumentou com o passar das voltas, e dei por mim, cada vez mais solto. Seguir à risca o rasto dos pneus do meu guia tornou-se tarefa difícil, e percebi até que ponto, eles, os pilotos, têm de conhecer bem, ao milímetro, onde travar, onde cortar as curvas, onde apontar para sair bem.

O 718 Cayman GTS 4.0 comportou-se de forma sã, curvando nas horas, obrigando o corpo a adaptar-se às torções. Chiaram as rodas, e apenas uma vez senti que a traseira me fugia em demasia.

Na recta da meta fiz o meu melhor para acompanhar o carro guia, e pela primeira vez coloquei a 4ª.

Quatro voltas à pista do Estoril, e eu ficava ali o resto da tarde se me deixassem.

No fim, é obvio que estava feliz. Quis acreditar que não deixei o carro guia fugir, mas estou certo que o piloto teve tempo para ler e mandar sms à família, para fazer a barba, para ver as novidades Netflix enquanto conduzia aqui o inexperiente jornalista.

Não me perguntem quantos quilómetros por hora dei. Se me perguntarem, respondo com convicção que não tive uma ponta de receio. Tive, isso sim, uma enorme honra de fazer os 4.360 metros de pista que serviu 13 Grandes Prémios de Fórmula 1, onde correram entre tantos outros, Jacques Villeneuve, Damon Hill, David Coulthard, Alain Prost, Michael Schumacher, Niki Lauda… ou… o eterno Ayrton Senna.

Um dia que dificilmente esquecerei.

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